“Decidi escrever-te hoje. Duas décadas depois de termos trocado o
último olhar. Hoje,
porque o dia tornou-se claro para mim. Hoje eu tinha que te escrever. Hoje eu tinha que tentar. Porque
se eu não tentasse não seria eu, se eu desistisse não seria eu, agora que vejo
tudo tão claro, agora que a luz do Sol irradiou sobre mim como o acordar de um
sono demasiado longo, agora eu tenho que te encontrar, finalmente percebi que
tenho que te encontrar…
Se eu te dissesse que esta noite,
sonhei contigo, achar-me-ias maluca?
Se eu te dissesse que esta noite
senti o teu olhar dentro do meu, senti a força das tuas mãos nos meus braços, senti
o sabor dos teus lábios, senti o teu beijo apaixonado pela primeira vez, senti
o medo e a felicidade dum amor infinito, senti o meu coração a palpitar como o de
uma adolescente, achar-me-ias maluca?
Se eu te dissesse que quando
acordei me sentia feliz, que mesmo antes de abrir os olhos, eles pareciam nascentes
de inverno, mesmo antes de eu sequer pestanejar, antes de eu sequer chorar, as
lágrimas deslizaram, antes mesmo de eu perceber que tinha sido um sonho, antes
de me sentir completamente abalroada pela luz do dia, antes de sentir uma
espada fria a trespassar-me, antes de perceber que não te tinha esquecido, que ainda
te quero, achar-me-ias maluca?
Quando percebi que não tinha o
que realmente sempre quis, foi como o acordar num eclipse solar, sem poder ver
o meu Sol, sem poder ver o meu Mar, sem Árvores, sem Som, sem Ar, sem poder
respirar, como se não houvesse sequer uma brisa, um sopro de esperança nas
folhas das árvores.
Talvez o aches. Éramos dois
adolescentes, não éramos? Mas quem disse que os adolescentes não amam? As
crianças amam, os animais amam, porque não poderia eu amar-te a ti também,
mesmo que só tivesse 17 anos?
Talvez o aches se nunca tiveres
amado ninguém verdadeiramente. Mas se tiveres amado alguém tanto como eu,
alguém que desapareceu um dia na tua vida e nunca mais voltaste a encontrar,
alguém que não te sentes capaz de ver ou ouvir tal seria a dor, alguém que queres
tanto, mas tanto, que queres e não queres, encontrar novamente porque sabes que
não serias capaz de o perder novamente. Mas como se pode perder alguém que
nunca foi nosso?!…
Mas sabes, se eu desistisse de
ti, se eu desistisse de te procurar, se eu desse este amor por perdido, não era
eu, por isso, mesmo que o céu caia sobre nós, que o oceano nos afunde, que a
terra se abra sobre os nossos pés, eu vou correr para te encontrar mais uma vez,
porque pior do que sofrer é nem sequer ter tentado ser feliz, pior que não
tentar, é viver num mundo em que tudo está ofuscado pela névoa das lágrimas, pior
do que ser derrotada é nem sequer ter lutado… Só posso ser derrotada se lutar e
eu não posso deixar de lutar, eu não posso desistir, não posso parar, agora que
sei a minha verdade, preciso de saber a tua…
Nunca me deste uma oportunidade, uma
oportunidade de te dizer o que sentia, de falar contigo, de te mostrar o que
tinha para te dar, tanto… E eu peço tão pouco, quero tão pouco… Um beijo, seria
difícil para ti? Só para eu perceber o que se passa dentro de mim, só para eu
saber se isso me acordaria deste sono que dura há demasiados anos, para eu
perceber se o meu coração ía bater mais depressa, para eu descobrir a minha
verdade...
Sinto-me como se eu tivesse
tentado viver dezenas de vidas nestas duas décadas, todas vazias, como se se
passassem centenas de anos no meu coração embora as minhas rugas digam o
contrário, como se não houvesse uma história sequer para contar, nem livros, nem
rascunhos, e agora preciso perceber se vale a pena, esperar mais mil anos por
ti…
O primeiro amor é aquele amor
infinito, aquele amor que corrói se não procuramos as respostas, aquele amor
que destrói se não lutamos por ele, aquele amor que é único, que se for
correspondido é imortal. E quem não quer um amor imortal? Quem não quer amar e
ser amado, para lá do sempre, pelo infinito?
Por isso, escrevo-te hoje, e
tenho que correr, tenho que te encontrar, porque o tempo não pára e eu preciso saber…
…se eu te pedisse um beijo,
achar-me-ias maluca?”
in "Duas Décadas à tua Espera" (excerto I), Sandra Reis
Simplesmente LINDO.
ResponderEliminarBoa semana
Sempre speciali le tue intense pagine
ResponderEliminarUn saluto,silvia
Sem dúvida alguma que todos os produtos foram super bem pensados :D Não me importava nada que viessem todos morar comigo eheheh
ResponderEliminarAdorei! Que lindo texto :)
NEW OUTFIT POST | DOUBLE CRUSH
Instagram ∫ Facebook Official Page ∫ Miguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D
Adorei este texto por diversas razões e algumas "coincidências" :)
ResponderEliminarSe duas décadas é muito, três...
Boa semana, tudo de bom.
Claro que não a acharia maluca mas deliciosamente atrevida!
ResponderEliminarGostei de ler!!!bj
Uma carta de amor. Como disse Fernando Pessoa, só quem nunca escreveu uma carta de amor é que é ridículo… Gostei imenso.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Boa Tarde, querida amiga!
ResponderEliminarO mundo crê que quem ama é louco... neste mundo tão mal amar...
Muito bom poder fajar e escrever o Amor sentido no peito.
Deus a abençoe muito!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
Maravilhoso!
ResponderEliminarBeijinhos.
http://www.opecadomoraemcasa.pt/
Tens noção que depois disto eu vou querer ler mais??? Muito bom!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Estou sem chão, mas pelos melhores motivos. Que texto fabuloso! Tem tanto de belo, como de melancólico. É incrível como há pessoas que nos marcam para sempre; como há pessoas que serão sempre uma parte de nós, mesmo que não continuem ao nosso lado.
ResponderEliminarHá amores que são eternos, mesmo que os caminhos se tornem opostos.
Adorei, minha querida *-*
Um texto fantástico. Obrigado por partilhares!
ResponderEliminar:)
Parabéns Sandra, por nos oferecer textos tão belos, onde o amor, a saudade, a melancolia, enfim os sentimentos que fazem parte da nossa vida estão sempre presentes. Beijinhos
ResponderEliminarDesconhecia este cantinho maravilhoso.
ResponderEliminarAdorei ler o lindíssimo texto. Obrigada por partilhar.
Bjs
r: A sério? Que máximo. Adoro estas coincidências tão boas *-*
ResponderEliminarFizeste muito bem em trazê-los. E já percebi que estão num ótimo local, assim decoram a tua secretária e inspiram-te durante o teu processo criativo
Muito obrigada!
Beijinhos*
Muito, muito interessante. Do livro à realidade quantos casos parecidos não haverá?
ResponderEliminarBj
Olhar d'Ouro - bLoG
Olhar d'Ouro - fAcEbOOk
Agora também no Youtube visitem e subscrevam o canal: Olhar d'Ouro - yOutUbE
Boa tarde, linda carta de amor, é o máximo.
ResponderEliminarContinuação de feliz semana,
AG
What a wonderful post, dear! I really enjoyed reading it!
ResponderEliminarA big hello from Germany!
Hugs ♥
Lindo...
ResponderEliminarO amor é um sentimento inexplicável e para que ele permaneça em nossos corações o tempo não conta, por vezes dura uma vida inteira.
Beijos
Ani
Que maravilha minha amiga, gostei bastante deste belo texto.
ResponderEliminarContinuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Gosto!
ResponderEliminarR:A Eva é uma 2a versão de mim mesma, é um livro muito especial que espero que chegue ao coração dos leitores quando sair :) Se correr bem sai em Abril de 2019!
Obrigada, beijinhos!
Um texto lindo e repleto de sentimento! :) Beijinhos
ResponderEliminar--
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Uau! Parabens pelo textão!
ResponderEliminarGostei. Parabéns pelo belo texto. Beijinhos
ResponderEliminarr: Muito obrigada! Acho que este género de temas permite-nos, de facto, refletir e colocar as coisas em perpsetiva, ainda para mais quando há tanta incoerência no nosso quotidiano. É preciso que as pessoas pensem, que coloquem as coisas em perspetiva, só assim evoluiremos.
ResponderEliminarNão diria melhor, é exatamente isso!
Beijinhos
Tão lindo!!! Gostei muito, há amores que duram para sempre mesmo, pessoas que ficam para sempre entranhadas em nós, de um jeito inexplicável.
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