Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

29 de julho de 2017

Lasanha dos 7 Mares


 
Azeite
1 cebola
2 dentes de alho
1 tomate picado
100 gr de espinafre picado
Meio pacote de gambas
2 delicias do mar
1 medalhão de pescada
2 lombos de salmão
Folhas de lasanha fresca



Frigideira grande anti-aderente colocar azeite e cebola picada a alourar. Juntar a pescada e o salmão, o tomate picado e 2 dentes de alho inteiros com um rasgo. Deixar um pouco a alourar virando de vez em quando. Temperar com sal a gosto. Juntar as delícias cortadas fininhas e as gambas (cortar em pedaços depois de cozerem). Quando estiver tudo bem cozido lascar peixe e salmão com a colher de pau na frigideira e ir envolvendo tudo. Adicionar o espinafre picado.
Molhar as folhas de massa, colocar uma numa travessa, pincelar com bechamel e cobrir com a mistura, mais um pouco de bechamel e outra folha de massa, bechamel espinafre mistura bechamel outra folha, voltar a pincelar com bechamel e colocar a mistura que sobra mais bechamel, por cima uma folha, cobrir com bechamel todas as pontas das folhas para não endurecerem, cobrir com queijo ralado e levar ao forno 30 mins a 150 a 160ºC.


 


28 de julho de 2017

Avassalados








 

Ele era uma alma apagada
Seguindo devagar pela névoa
Como um soldado sem honra
Sem espada, sem escudo, sem nada
As enormes montanhas eram pequenas
Os vales não lhe haviam chegado
Só queria desaparecer
Não se sentir esvaziado

Numa noite o nevoeiro desapareceu
Ele acordou, levantou-se
E sentiu que algo aconteceu
As árvores tinham flores
As nuvens desapareciam
Havia água nas nascentes
Mil raios de sol nasciam

Ao fundo do estreito caminho
Numa pequena clareira,
Avistou-a,
Talvez mais perdida que ele,
Entre as árvores, sozinha sentada,
Uma trança a cair do ombro
Lágrimas na cara molhada
Tal gotas de orvalho
Numa floresta devastada

Ela ouviu os passos
Levantou a cara devagar
O homem de cabelos compridos
Aproximava-se, a olhar
Incrédula, abriu os lábios
E o ar, antes por ela rejeitado,
Entrou-lhe nos pulmões
Como se fosse empurrado

Ele viu-lhe a face
Os enormes olhos castanhos
Com que tanto sonhou
Os lábios que havia beijado
Avassalado
O coração dele parou

Na névoa de cem mil espadas
O medo não o deteve
Não tinha medo de morrer
Noite após noite
Só tinha medo
De não a voltar a ver

Debaixo deles, o chão estremeceu,
E na clareira entraram
Cem raios de sol vindos do céu

Ela ergueu-se do chão
E, para ele, correu
Abraçando-o, tão forte
Que os raios de sol fendeu
De tantas noites sem saber
Se nos seus braços
O voltaria a ter 

Quando a sentiu
Ele chorou
Sem fôlego
A beijou,
Nos olhos, na boca
Tudo, ao tempo, retornou

Ao compasso do sol
O tempo tinha voltado
Do mesmo sítio,
Onde, sem pressa,
Um dia havia parado.


S.R.

24 de julho de 2017

4 de julho de 2017

Bolo de Iogurte com Smarties



5 ovos inteiros
200gr açúcar
1 c. sopa de planta
200gr farinha
1 c. chá de fermento
3 iogurtes cremosos de pêra
Pequenos pedaços de nutella
Chocolate de culinária
Smarties grandes


Pré-aquecer o forno a 150ºC.

Misturar tudo numa tigela menos a nutella. No final juntar pedacinhos de nutella bater 2 segundos e despejar na forma.
Forrar a forma com manteiga e farinha ou papel vegetal, enchê-la com a mistura.
Cortar um pedacinho de chocolate de culinária em pedacinhos muito pequeninos e espalhar pela massa do bolo.

Colocar no forno a 130ºC durante 45 minutos só por baixo. Abrir o forno, retirar a forma, espalhar os smarties no bolo carregando neles com o dedo para ficarem agarrados à massa.

Colocar novamente no forno a 130ºC, com calor a toda a volta mais 5 mins.

Retirar do forno e deixar arrefecer. Depois cortar em quadradinhos e decorar com alguns smarties no prato. 


3 de julho de 2017

O caminho de volta



A minha Avó - 1920







"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo (...)"

Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa)








Há um momento na vida, talvez até mais que um, em que sentimos que precisamos de descobrir mais sobre nós, em que precisamos de respostas, em que nos procuramos e sentimos que há respostas algures sobre nós nesse passado longínquo.

Queremos analisar cada sorriso, cada olhar, para ver qual é o mais parecido com o nosso, para perceber de onde veio cada um dos pequenos pormenores que nos completam como pessoa.

De um dia para o outro procuramos peças de um puzzle, a nossa identidade, queremos conhecer as nossas raízes e as raízes das nossas raízes. Tudo o que sabíamos até então já não chega, precisamos de mais sobre nós.

Como se procurássemos um caminho de volta. Mas para onde? Que procuramos nós realmente?
Há momentos na vida em que nos sentimos perdidos, desorientados, como se nos faltassem pedaços, pequenos grãos nossos que ficaram espalhados pelo caminho da vida. Caminho que começou muito antes de nascermos, um caminho que continua, mas para trás no tempo. Conhecer quem nunca conhecemos, ouvir quem nunca ouvimos, ver quem nunca vimos, perceber o que nunca percebemos, saber coisas que nunca soubemos... Porque fazem parte de nós.
E nos dias em que não vemos para além no futuro, esperamos que haja uma resposta para nós no passado, por mais longe que esteja... Aquilo que procuramos pode estar em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer pessoa, em qualquer objecto, em qualquer pedaço de vento, de terra ou de pó...
O que procuramos nesses dias em que precisamos reencontrar-nos, saber tudo, sentir tudo de todas as maneiras, o que procuramos que é tão importante quanto a vida, é a Esperança.
Sem ela o sangue correria nas veias mas estaríamos mortos, sem ela não viveríamos. E nesses dias em que nos sentimos perdidos, em que não vemos além no futuro, em que precisamos tanto dela, voltamos atrás para a encontrar, no passado, porque ela existia dentro de nós, só precisamos descobrir como a reacender através do mais pequeno grão de pó que nos pertence, que é nosso, que somos nós, desde muito antes de existirmos.