Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

27 de fevereiro de 2019

Sob a luz das Estrelas




O vento soprou
Mil folhas
Do chão
Levantou,
Cem anos
Por cada dia
Que passou
Sem ti
Pétalas de fogo
Alumiou.
Uma caravela
Nos sete mares
Navegou,
O destino
Em areias de prata
Nos cruzou.
Moreno
De cabelos compridos
Voltou.
Um olhar,
Um sentimento,
Num só trovão
O dominou,
Para terra firme
Caminhou.
Seguiu-a pela estrada da lua
Onde a areia ondulava
Na pele de seda nua
Ao toque doce

Da sua espada
Entre o calor
Que expirava
A pele gotejava
Suor em cristais
Brilhava...
Uma língua na outra
Entrelaçada,
Uma promessa ao luar
Sob o sol se realizava...
Perdidos de amores
Milénios passaram
E o som daquele amor
Sob a luz das estrelas
Eternamente entoaram.



Sandra Reis
 

22 de fevereiro de 2019

Dia de Sol com Gatos




Hoje apeteceu-me pintar um Gato Curioso novo, ainda não lhe dei nome, para já é o "Bigodes 4"  :D

Soube-me bem relaxar um pouco, ouvir música e pegar nos pincéis com este Sol de Inverno quentinho a entrar na minha janela.
Bom fim de semana! Aproveitem o Sol!
Divirtam-se, descansem e sonhem! ;)


19 de fevereiro de 2019

Uma Ponte para Regressar (parte II)


Se construímos uma ponte é porque acreditamos que vale a pena atravessá-la.
Atravessá-la para encontrar o que procuramos,
para saber que parte de nós ainda existe do lado de lá,
para descobrir se vale a pena lutar, reconquistar, tentar mais uma vez.


Porque cada poema e história merece um final feliz: 

(Parte I)

...

Parte II

Quando eu menos esperava,
Olhaste para mim,
O brilho da água
Nos teus olhos, espelhava,
Um amor sem fim.
Para os meus braços
Vieste a correr,
E em mil abraços
Senti-me renascer...

Na tua pele,
Nos teus lábios,
No teu sorriso,
Até ao Paraíso,
O Mundo reergueu
E o Sol surgiu no Céu.
Agarraste-me contra o peito
E num sussurro perfeito,
Disseste-me que sempre foste meu.

E se eu desaparecesse corrias até me encontrar
E me amavas mais do que palavras poderiam expressar
E se eu morresse, beijavas-me para me ressuscitar,

Mas até esse momento, também me vais beijar,
A cada manhã de cada dia, a cada acordar.


Sandra Reis

14 de fevereiro de 2019

Uma Ponte para Regressar


 


A ponte desabou
E tu que prometeste voltar
Ficaste do outro lado
Quando tudo desmoronou
Os pedaços
Caíram todos na corrente
E a água levou-os para sempre

Durante anos assim ficámos
A ver a água a correr entre nós
A vê-la a passar
A seguir o curso até à foz
A perder-se no mar

Os nossos relógios
Continuaram
Os pés caminharam
Mas dentro de nós
O tempo tinha parado
E voltávamos a cada dia
À procura duma luz
Ainda que fugidia

E um dia,
Quando já não esperava
Surgiu uma ponte
Vi-te a chegar
Por cima da corrente
Abraçaste-me
Deste-me a mão novamente
Entrelaçámos as duas
E senti, assim,
Como se florisse um jardim

Apesar dos anos, das rugas,
No teu sorriso
Tenho o mundo completo
No teu abraço
O meu coração louco
Tenta sair de mim, além
Atravessar a nossa pele
E agarrar-te também
No teus lábios o desejo,
Tão ardente,
De sentir o teu beijo

Tudo faz sentido junto a ti
Mas foi um sonho
Vi tudo o que perdi
Agora percebo
Que não respiro sem ti

Volto àquela ponte
Por cima da corrente
Sinto calor, sinto frio
Abro os braços e fecho os olhos
E espero por ti de peito vazio

Quem me dera que me amasses
Pelo menos por um pouco
Para não morrer assim
Perdida de ti e de mim
Quem me dera ter-te
Como sempre quis
Sentir que me queres
E morrer feliz

Não quero ser a passageira
Dum coração vazio
Duma vida que acabou
Que eu vi passar
Um rio que foi e não parou
Para me levar

Passei metade da vida
A ver o pôr-do-sol
A procurar-te no horizonte
E agora,
Que atravessaste
Uma ponte para regressar
E vieste a correr até mim
O sol desapareceu
Não sai água da fonte
E dizes-me que já não és meu...

Devo acreditar?
Não estará apenas com medo,
Medo de já não me conhecer,
E, mesmo assim, ainda me amar…

Se eu desaparecesse procuravas por mim até me encontrar?

Se eu morresse dirias que me amas antes das pálpebras fechar?
Se eu morresse beijavas-me para me acordar?


Sandra Reis

11 de fevereiro de 2019

Quem inventou o Amor?



Um pequeno excerto do meu livro.
Esta foto foi tirada por mim na Fonte das 7 Bicas na Senhora da Hora, Matosinhos (onde nasci).

Ia lá muitas vezes quando era pequena. Morava ali perto e adorava aquele pedaço de jardim com patos, baloiços e a maravilhosa varanda por cima das Fontes.

Aquelas 7 fontes de água nascente natural fizeram parte da minha infância, da infância da minha mãe, da minha avó e têm uma história muito bonita, porque dizem que quem quer arranjar um Príncipe quase Encantado vai lá e bebe das 7 bicas e o desejo tornar-se-á realidade 😊

Denominada inicialmente, há séculos atrás como Mãe d'Água devido a uma enorme nascente subterrânea, não se sabe a data de construção, sabendo-se apenas que já existia em 1623 sendo referida como Fontes da Senhora da Hora que conferia poderes de fertilidade, foi reconstruída em 1893. 

Visitem o sítio, é lindíssimo, vale a pena conhecer e, beber daquela água fresca e pura e cheia de história 😉

8 de fevereiro de 2019

Liberdade


"They may take away our lives, but they'll never take our freedom"
William Wallace

Duncansby Head, nas Highlands, no local mais a nordeste da Escócia.
Sou o pontinho longínquo na foto da esquerda, a caminhar num campo coberto de flores de algodão. O paraíso e a liberdade num só lugar.






Liberdade

Dizem que as correntes são pesadas
Que se as arrastarmos nos ferem os pulsos
Nos cortam os tornozelos
Dizem que a escuridão nos magoa os olhos
Que o silêncio nos ensurdece a alma
Dizem que a voz é uma sentença
Que os muros nos enclaustram
Que as paredes nos abafam
Que as grades são fechaduras sem chaves
Dizem que a vida definha lentamente
Como uma flor num pântano

Mas, apenas nós
Sim, somos nós,
Que nos prendemos
Ferimos
Isolamos
Emudecemos
Aprisionamos
Somos apenas nós
Que fechamos os portões
E escondemos a chave

Apenas nós
Destinamos
Se somos dominados
Apenas nós
Determinamos
Se seremos libertados

Nem muralhas,
Nem correntes,
Nem silêncio,
Ou obscuridade,
Nada, jamais,
Nos arrancará
A nossa liberdade!


Sandra Reis

4 de fevereiro de 2019

Antes do Mundo ser Mundo



"Queria dizer-te que tornas os meus dias maravilhosos, mas a verdade é que transformaste a minha vida toda, não só o presente, mas todo o meu passado ficou colorido pelo facto de saber que já existias nele desde que eu existo e que as memórias passadas, que guardei inconscientemente de ti, tinham um propósito maior, reencontrar-te e amar-te.

Antes de sermos matéria e energia, antes do mundo ser mundo, “nós” já existíamos, nos quarks, nos neutrinos, nos fotões, já existíamos nos fermiões e nos bosões, nas partículas e antipartículas, na energia do Universo, até nos encontrarmos outra vez."

S. R.

2 de fevereiro de 2019

Toque Invisível no Coração




"(...) Dizem que é impossível amar alguém que nunca vi... Não sei como és, não conheço o som da tua voz, nem a que cheira a tua pele, e, no entanto, sinto que te conheço desde sempre...

Mas como poderia ser impossível? Não é o amor de mãe, o maior de todos? Não é o amor duma mãe pelos seus filhos o mais verdadeiro e puro de todos? Não é esse amor concebido no coração de uma mãe e de um pai mesmo antes de verem o seu filho, antes de o ouvirem, tocarem, sentirem?... Não é esse amor, que nasce no total desconhecido, o maior amor do mundo?

Porque não haveria então de ser possível amar alguém que nunca vi nem ouvi? Não são os nossos sentidos que nos fazem amar verdadeiramente alguém, mas uma força superior inexplicável que não precisa de olhares nem gestos, uma força transcendente que não precisa de forma física.

O verdadeiro amor pode nascer nas palavras, escritas nas teclas de um computador, nas cartas de alguém desconhecido. Pode surgir na completa escuridão de uma noite sem luar, tal Cupido e Psique. O verdadeiro amor desponta num mero toque invisível no coração."


in  "Encontr@-me em Paris", Sandra Reis