Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

23 de março de 2016

Pausa






Tenho saudades dos tempos simples. Dos tempos em que ainda andava no liceu, sem telemóveis, nem internet... Parece que foi há tanto tempo atrás... Mas não foi assim tanto.
Desde que apareceram os primeiros telemóveis e a internet, que se deu uma aceleração em bola de neve, o ritmo das mudanças tornou-se cada vez mais rápido e o fosso que separa o presente desse passado, não muito longe, é cada vez maior...

Era tão bom quando saía da escola ao fim da tarde e contemplava o pôr-do-sol à minha frente, sentir o vento no cabelo, conversar com os amigos... Até sabia bem acordar cedo ao domingo de manhã e ir dar uma volta à beira mar. Agora é tudo muito mais "complicado". Os bip bip dos telemóveis, das mensagens sempre a chegar e a internet para "conversar". Estamos completamente aprisionados...

Há dias que passam e me esqueço de olhar para o Céu, há minutos que passam e me esqueci de abraçar alguém importante porque estava a olhar para o telemóvel...

Não quero ser assim, quero viver a vida, aquela que tem cheiro, paladar, cores de verdade e textura. Aquela que não somos nós que escolhemos, nem controlamos, aquela que em vez de fazermos like no telemóvel ou no computador, podemos mostrar um sorriso e transmiti-lo de verdade, quando vemos algo engraçado.

Como seria uma semana sem telemóveis, sem redes sociais e sem emails? Gostava de saber, será que seríamos capazes de o fazer?

Dado o tempo que tudo isso nos ocupa devia ser criada a semana internacional da diversão, em que ninguém mexia no telemóvel, no email ou abria as redes sociais.

Uma semana ao ar livre com os olhos postos na vida, no pôr-do-sol, nas gaivotas, nos gatos às janelas, nos cães a correr, nas árvores, no mar. Uma semana em que voltaríamos a usar os nossos 5 sentidos e a sorrirmos uns para os outros de verdade.

11 de março de 2016

Ainda não é tarde demais


 

















Talvez tenhas razão…
Talvez não tenha lutado por ti…
Talvez tenha desistido depressa demais…
Não sei…
Mas se querias que lutasse por ti porque me deixaste?...
Porque me deixaste amar-te tantos anos para um dia me deixares com um bilhete apenas, sem explicação, sem lógica, sem razão…
Não ter lutado não significa que não te amei todos os dias da minha vida porque, sabes, quando li o teu bilhete afiado eu chorei, e chorei todos os dias da minha vida.
Lamento que penses que não lutei por ti, porque eu lutei, lutei para que te sentisses feliz, lutei para te ver sorrir, lutei para te sentires realizado, mas no mais profundo do teu coração, só estavas tu, sempre estiveste tu… e depois, deixaste-me, com um bilhete que eu não conhecia de lado nenhum, um bilhete impessoal, um bilhete tão incompleto que me deixou vazia…
Lamento realmente por não ter lutado mais, mas não por ti, por mim, lutado para gostar mais de mim, para ser feliz, em vez de procurar em cada olhar teu, como uma criança perdida à espera de quatro segundos de atenção…
Lamento ter chorado todos os dias da minha vida por ti, quando podia ter sorrido e vivido…
E só agora percebi, que tu nunca me mereceste, tu nunca lamentaste teres-me perdido, apenas te lamentas, de ti, da vida, de tudo, tu és assim… Tu és o teu centro, e lamento, porque um dia, se deixares de girar em torno de ti, perceberás que já nada nem ninguém existirá à tua volta para te amar…
Sim, eu lamento agora, mas lamento apenas os anos que dissipei a amar-te, e os anos que alaguei a chorar-te, mas ainda não é tarde demais e, por isso, não vou lamentar mais, vou sorrir, vou lutar, vou ser feliz, por mim.

S.R.