Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

29 de janeiro de 2019

#6 Aldeia de Castelo Mendo

Igreja Santa Maria do Castelo com a Senhora que nos acompanhou neste passeio por Castelo Mendo e nos contou tantas histórias. Foi uma alegria encontrar esta foto dela e poder homenageá-la por ter sido tão querida connosco. (Foto de Aldeias Históricas de Portugal)

Foi numa das minhas "expedições" por Portugal, na qual tracei um caminho por onde pudesse conhecer vários Castelos e histórias, descobri Castelo Mendo.

Quando lá cheguei vi um lugar surpreendente, onde se respira o verdadeiro ar puro e História. Um trajecto cheio de histórias ao longo dos séculos, em cada pedaço e recanto. Com um "quase silêncio" próprio da natureza, uma paz e tranquilidade ao som de apenas folhagem, brisa e aves distantes.

Com características medievais, toda a aldeia está muito bem cuidada. No caminho entre as vielas encontrámos uma senhora com noventa anos, que veio ter connosco, perguntou-nos de onde éramos e disse-nos que tinha vindo uma vez ao Porto quando era nova.

Mostrou-nos a aldeia. Falou-nos da vida dela, antes e agora, estivemos sentados com ela a conversar, talvez uma hora, ao lado da sua pequena e antiga casa toda em pedra já um pouco desgastada, com uma porta pequenina, degraus com tamanhos diferentes e bastante assimétricos.

Contou-nos algumas histórias da aldeia, as lendas das caras nas pedras, o amor impossível que ficou gravado nas pedras para sempre, o Mendo e a Menda; mostrou-nos algumas curiosidades e fez-nos algumas perguntas também. Uma senhora muito simpática, sozinha, viúva, que conta com os vizinhos, os poucos que ainda moram ali, cheia de garra pela vida. Deixou vontade de a visitar novamente um dia.

E começa a "visita" com algumas das fotos que tirei, algumas com legenda :)

No topo da aldeia foi construída a Igreja Santa Maria do Castelo, agora em ruínas. Sentados nos seus degraus, a sentir o vento e a ver paisagem a toda a volta, é uma imagem e uma sensação que nunca mais se esquece.

A aldeia de Castelo Mendo


Porta da Vila, ladeada por dois torrões e por dois Berrões ou Verrascos, esculturas zoomórficas em granito, representando, pela observação dos seus genitais, um macho e uma fêmea de porcos ou javalis. A sua datação decorre entre o séc. XVI e I a.C. e as esculturas estão ligadas possivelmente ao culto da fertilidade do povo Vetão.







Ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo, de estilo românico, construída no ano de 1229





Porta do Castelinho. A Sul da cidadela, dava acesso ao núcleo mais antigo do Castelo. Possui características românicas. O castelo aqui edificado (séc. XIII-XIV) apresentava estilo românico e gótico.


O Mendo a sobressair da parede do antigo Domus Municipalis (agora Museu), a uma altura bastante elevada.
Em frente a ele, mas muito mais abaixo, a Menda, esculpida numa pedra, na casa em frente.
A Menda, esculpida numa pedra, na casa em frente ao Mendo


Pelourinho do Séc. XVI, com cerca de 7 metros de altura, um dos maiores da Beira Interior.


Um pouco de História:

Aldeia de características predominantemente medievais, constituída por dois núcleos amuralhados, a Cidadela e a Barbacã. A cidadela de formato oval corresponde ao burgo velho, formado após o foral de D. Sancho II. O burgo novo ou Arrabalde de S. Pedro protegido por uma muralha dionisiana, foi no passado guarnecida por oito torres, parcialmente destruídas com o terramoto de 1755.

Castro Mendi é a designação que consta do documento mais antigo (1202) referente a Castelo Mendo. Apesar do local ter conhecido ocupação desde a Idade do Bronze e mostrar vestígios da presença romana, a estrutura fortificada e o modelo urbanístico caracterizadores de Castelo Mendo, são uma criação medieval concebida para enfrentar as necessidades impostas pela Reconquista Cristã nos séculos XII e XIII: promover o repovoamento dos territórios muçulmanos anexados ao reino português e sustentar as disputas territoriais fronteiriças com os reinos cristãos de Leão e Castela na região de Riba-Côa.

Castelo Mendo foi concelho de fundação medieval, com foral concedido em 1229 por D. Sancho II. A partir do séc. XIV, estabilizada a fronteira com o Tratado de Alcanizes em 1297, Castelo Mendo continuará a integrar a rede de fortificações que defendem a raia beirã até ao século XVII, período que vê surgir as fortificações modernas.

No cimo do cabeço rochoso, dominando a paisagem envolvente, situa-se o Castelo com dois recintos distintos. Dum lado o aglomerado civil em torno da Igreja de Nossa Senhora do Castelo e, do outro, o pólo militar, no ponto mais elevado, onde antes se erguia a Torre de Menagem. Com o crescimento da povoação, o primitivo núcleo, supõe-se que mandado edificar por D. Sancho I ou D. Sancho II, é aumentado com nova cerca no reinado de D. Dinis (fim do séc. XIII). Pela encosta se estendeu a Vila, nela se organizando a vida da população abraçada pelos muros.

Espaço fechado, comunica com o exterior por portas abertas a Norte, Poente e Nascente com acessos reforçados por torres. A Igreja, reguladora dos comportamentos, acompanha os edifícios públicos, símbolos do poder político e da ordem civil: Casa da Câmara e Cadeia e Pelourinho. É também neste espaço privilegiado que as famílias localmente mais consideradas ergueram a sua casa.

Mas as populações que viviam dentro das muralhas dependiam quotidianamente do exterior. Aqui se situavam os campos cultivados e as terras de pastagens. Na devesa encontravam-se as fontes de água, de mergulho e todas datando do séc. XIII/XIV, como as Fontes Nova e Velha, e Estrufa, além do Chafariz remodelado posteriormente.

A aldeia de Castelo Mendo foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1984 e em foi extinta em 2013, devido a reformas administrativas, juntando-se a outras freguesias para passar a fazer parte de uma associação de freguesias...

Saber mais:

28 de janeiro de 2019

# 2 Postais do Porto


Já há algum tempo que falei nesta colecção que vou fazendo sempre que viajo. Neste caso não foi numa viagem, mas da cidade onde moro. 
Escolhi-os há oito anos para oferecer juntamente com uma lembrança a vários amigos. 
O Porto é uma cidade linda, cheia de história e de vida, e estes postais tinham algo, o aspecto vintage, ou o efeito artístico de contrastes, a amostra de história, não sei o que me cativou, mas não resisti a guardar estes para mim.






25 de janeiro de 2019

A chave (está nas nossas mãos) sempre!




Todos temos a chave-mestra das nossas portas, mesmo naqueles momentos em que pensamos que a perdemos, ela vai estar lá, dentro da nossa mão, e o poder de decisão será sempre nosso.

Podemos abri-las ou deixá-las fechadas, mas não podemos continuar se nos detivermos em todas, podemos seguir, atravessá-las, ou ficar parados, porque cada porta que nos irá surgir levará a outra porta, e se valer mesmo a pena e não as abrirmos por medo do que estará do lado de lá, nunca saberemos se atrás daquela porta não estava a seguinte que nos levava à resposta, ao milagre, ao objectivo pelo qual sonhamos, lutamos e desejamos ao longo do corredor da vida.

Se não atravessarmos as portas más, como chegaremos àquelas que são boas?

Não devemos ter vergonha de quem somos, não devemos ter medo de mostrar o que sabemos, o que sonhamos, não podemos deixar de ser quem somos, por ninguém.

O medo não é, nunca será um obstáculo para alcançar aquilo que queremos, porque quando queremos com o nosso coração, não importa se não soubermos o que nos espera atrás da porta, encontraremos sempre a coragem para a abrir. Só temos que...

...respirar fundo, agarrar a chave com força, enfiá-la na fechadura da porta e rodá-la!
Depois disso só temos que abrir o coração, os olhos e a mente, para o que surge à nossa frente.

 Força com essa chave-mestra! ❤️


Sandra Reis


24 de janeiro de 2019

Um minuto sem ti...



Não é assim o grande e verdadeiro amor? Seja ele um companheiro, um filho, uma mãe, um avô...
O tempo demora-se, estica-se, pára, quando está longe...
Vivemos na ânsia de o ter novamente por perto, ao nosso lado, misturado em nós, coração no coração, a cada hora, minuto ou segundo da nossa vida...

Sandra Reis

12 de janeiro de 2019

Um Oceano entre Nós - V - Final

(Escolham uma das músicas em cima à direita no Blogue para acompanhar a leitura. Espero que gostem. Obrigada pelo carinho que me têm dado nestes meses. Não há palavras suficientes que o retribuam <3 )

* Capítulo I  *  Capítulo II  * Capítulo III * Capítulo IV * Capítulo V *




Depois daquela mensagem que me enviaste por engano, eu percebi que tinha que aceitar que o tempo acabou por te arrancar de mim e não havia nada a fazer senão esperar que, ele também, no meio de tantas voltas, desse uma contravolta. Se aconteceria ou não, não tinha como saber, mas tinha que continuar a viver, tinha que te tirar da minha cabeça, mesmo que nunca te conseguisse tirar do meu coração.

Uns dias depois, encontrámo-nos para entregar as cartas. Eu estava pronta para me ir embora mal cheguei, não queria voltar a sentir todas aquelas emoções, aquela força poderosa que me atraía para ti, mas tu pediste-me para ficar, para falarmos, não consegui dizer-te que não. Descemos até à praia e, embora não gostasses de andar na areia de sapatilhas, deste-me a mão para eu passar as pedras e descemos juntos pela praia deserta. Não estava frio nem sol, era um dia de inverno calmo e claro, mas, mesmo que caisse uma tromba de água naquele instante, não importaria, porque estavas ali comigo.

Conversámos, rimos, paramos a ver o mar, as ondas a desfazerem-se a centímetros dos nossos pés, abraçaste-me mais vezes do que eu esperava, vimos o horizonte juntos, o mesmo que vimos separados de lados opostos tantos anos, e depois de caminharmos pela longa extensão de areia, paramos mais uma vez a olhar para o mar, parei ao teu lado e enquanto via os barcos no horizonte tu beijaste-me a cara levemente, surpreendida olhei para ti. As ondas pareciam ter parado. Se eu tivesse virado a cara um segundo antes, os teus lábios teriam tocado nos meus novamente. Quem me dera tê-lo feito. Abanei a cabeça e ri-me para ti, tu percebeste que isso poderia ter acontecido, sorriste para mim com aquele olhar maroto que tens sempre que fazes algo que não deves, seguraste as minhas mãos, olhaste-me nos olhos e agarraste-me, abraçaste-me, durante tanto tempo, que me pareceu um sonho. Se eu pudesse não sair mais de dentro daquele abraço…

Quando me largaste, estavas sério, e, entregaste-me a carta. No envelope tinhas escrito “Cápsula do Tempo”, que me arrancou um sorriso, mas logo a seguir um aperto no peito, porque não sabia o que me terias escrito. Guardei-a no bolso como se guardasse a coisa mais preciosa que alguma vez me deram, provavelmente era... Talvez ali lesse que um dia me amaste mais do que tudo. Depois daquele momento horrível na estação de comboio, eu não podia esperar outra coisa, senão uma despedida, uma oportunidade que me darias para fazer o meu luto de há 26 anos atrás. Mas seria possível fazer esse luto? Quando nos morre alguém querido, o luto é longo mas sabemos que nada mudará isso… Mas, fazer o luto dum sentimento, quando a pessoa ainda está aqui, à nossa frente, parece-me tão impossível como acreditar que é possível mandar no coração, porque, por mais que a razão nos diga que acabou, o coração vai procurar sempre uma forma de se saciar de esperança…

Entreguei-te a minha carta e concordamos em lê-la nesse mês ainda. Escolheste a data e a hora, e juramos abri-las apenas no dia 23 de Dezembro, às 5h09pm. Não sabia o significado da data, mas disseste que eu iria lembrar-me.

Cada dia que passou com o envelope dentro da minha gaveta, cada minuto que peguei nele e o olhei como se me pudesse dar uma resposta, foi uma prova de força e de resiliência para mim… e com os dias fui ganhando a coragem para mudar o que podia ser mudado. Fui sincera com o meu marido, não podíamos continuar a viver como dois inimigos, não havia razão para isso, tínhamos sido tão amigos antes de namorarmos… Depois de uma longa conversa, percebi que ele estava de acordo comigo. Ouvi-lo admitir que era um espírito livre e que, por mais que gostasse de mim, não conseguia viver amarrado a vida nenhuma, doeu, mas não somos todos iguais. Tínhamos confundido amor com amizade e ficámos presos a um sentimento forçado que nunca existiu, estávamos destinados a ser amigos, grandes amigos, com um filho. Aliviados, percebemos que como amigos éramos os melhores e abraçamo-nos com uma tristeza pela mudança mas ao mesmo tempo o peito estava mais leve. O nosso filho seria mais feliz agora.

Não te contei que me tinha separado durante alguns dias, não me apetecia falar sobre isso com ninguém ainda. Estava quase a chegar o dia, eu continuava sem descobrir a escolha da data. Estava nervosa, não sabia que me terias escrito, só desejava que não escrevesses sobre ela… Tentei tirar-te da cabeça aos poucos, mas o coração agarrava-te, sem piedade de mim.

Era dia 23, faltava um minuto para abrir a tua carta… Quando te escrevi a minha, não sabia que data colocar, falei-te em inventar uma e em não assinarmos a carta, para a podermos manter connosco sem perigo, e depois de muito pensar, não sei bem porquê mas parecia-me bem, escolher o ano em que nascemos, só o ano, o início da nossa vida, a primeira vez que os nossos corações bateram ao mesmo tempo, a primeira vez que respiramos o mesmo ar, a primeira vez que sorrimos, o nosso primeiro acordar. Escrevi três folhas, e resumi o que aconteceu na minha vida e tudo o que fui sentindo por ti, antes de te ter visto, quando cá estiveste e, a cada ano, desde que partiste. Escrevi como te amei, como te tenho amado, como te continuarei a amar para sempre. Pedi-te perdão por não ter lutado por ti, por não ter confiado em ti o suficiente, por não ter apanhado um avião e corrido até ti quando o mundo desabou entre nós. Fomos ingénuos… Pedi que nunca me esquecesses, que se um dia fosses livre lutasses por mim, mesmo que eu tivesse construído uma parede entre nós, que nunca desistisses de mim, porque dentro do gelo, estaria o meu coração a bater por ti, quente.

Tinha chegado o momento, mandaste-me uma mensagem para o telemóvel “Chegou a hora”, eu respondi-te “Vou abrir”. Abri o envelope, tinha três folhas, como a minha, quando vi a data da carta senti um arrepio no corpo todo, um choque, como se tivesse parado de respirar por um segundo, pestanejei, olhei novamente para a data, tinhas escolhido o mesmo ano que eu, o ano em que nascemos… O meu coração começou a bater com mais força. Desde que tinhas voltado que um universo de coincidências recaía sobre nós a toda a hora, esta era mais uma. Li a tua carta com dificuldade, estava tão nervosa, o meu coração batia com tanta força, que sentia o sangue a correr, as pálpebras pareciam vibrar ao ritmo do coração, não conseguia focar, como se existisse uma nuvem à minha frente e as mãos tremiam tanto, encostei-me à parede e respirei fundo, na esperança de me acalmar, li a tua carta como quem procura a água no deserto, procurava ali uma esperança para o meu coração desesperado por ti.

Fiquei sem palavras quando percebi que a tua carta era a carta que eu nunca recebi, aquela que eu devia ter recebido se ninguém te tivesse enviado uma carta falsa a fingir que era eu a terminar tudo contigo, a resposta à última carta que te escrevi eu, estavas a dar continuidade à nossa história… Tínhamos novamente dezassete anos. Contavas-me que estavas a fazer exames para a universidade… falavas tudo o que não me tinhas dito na altura, nos teus pais, nos teus planos, no nosso futuro juntos. Como te lembravas ainda tão bem de tudo o que eu te tinha escrito nas minhas cartas há tantos anos? Será que também as lias todas as noites como eu?

Quando cheguei ao fim da carta, fiquei sem ar, perdi a força nas pernas mesmo encostada à parede e tive que me aninhar para não cair… Ainda não tinha lido tudo mas quando virei para ler a última página vi, em letras enormes “Amo-te”. Tentei acalmar-me porque estavas a escrever no passado e não no presente. Voltei para as linhas, onde estava, para ler até ao fim e na última linha da tua carta tinhas escrito: “Amo-te até ao infinito”. Tive que me sentar no chão, as lágrimas corriam pela minha cara, eu não percebia o que se passava, estarias a tentar dizer-me que ainda me amas, que me amarás eternamente? Não podias escrever isso se soubesses que agora não seria verdade… Não podias… O meu coração agarrou-se àquela frase como se dela dependesse para bater, e eu mantive-me no chão sentada, sem uma palavra para te dizer… Tu também não me disseste nada e assim ficámos, os dois, em silêncio e à distância.

À noite mandaste-me uma mensagem para o telemóvel a perguntar se eu estava bem, que haveria eu de dizer senão que sim? Disseste-me para eu ir à minha caixa do correio que encontraria lá algo. Peguei nas chaves, saí de casa e desci as escadas do prédio a correr, quando cheguei às caixas fiquei parada. Eras tu, tu próprio que ali estavas. Ainda a alguns metros de mim, mostraste-me a tua mão, não tinha aliança, eu levantei a minha também. A sorrir vieste abraçar-me e disseste que não podias esperar mais. Subimos, quando entrámos contámos tudo um ao outro. Éramos livres.

Perguntei-te a razão da data para abrir a carta, e tu sorriste, “5 era o dia, 9 era o mês e 23 era a hora, em que demos o nosso primeiro beijo”. Fiquei sem resposta e pedi-te desculpa por não me ter lembrado… Deste-me a tua mão e disseste-me que tu é que me devias mil desculpas. Por me teres mentido quando disseste que não sentias nada por mim… Por me teres mentido quando disseste que a mensagem no comboio não era para mim, porque era, ias-me ligar, mas impulsivamente escreveste ”Amo-te”, e sabias que se o admitisses estarias novamente a trair alguém, tinhas que ficar livre primeiro para mo dizer olhos nos olhos, e disseste, tal como escreveste na carta: “Amo-te até ao infinito, hei-de amar-te para sempre”. Eu senti a Terra a girar em contramão, parecia um sonho, mas não era, felizmente não era, finalmente estávamos juntos, prontos para continuar o caminho que nos foi cortado, finalmente eras meu e eu era tua, para sempre…

Sem medo, aproximaste-te de mim, eu sorri, não podia acreditar, finalmente davas-me o beijo, aquele beijo com que sonhei estes anos todos, aquele beijo pelo qual chorei tantas noites, aquele beijo que ansiei com a força dum mar bravio que desbrava o mundo se for preciso para tocar na terra, aquele beijo que tinha ficado por dar, quando partiste há vinte e seis anos… “Amo-te, amar-te-ei até ao infinito”



Sandra Reis


11 de janeiro de 2019

O meu cão

Depois de uns dias de ausência, posso finalmente regressar ao meu Castelo Quase Encantado, e aos vossos Blogues. Obrigada a todos os que me têm acompanhado, sinto-me feliz e sortuda por ter conhecido tantas pessoas maravilhosas nestes meses. Desejo a todos um 2019 muito MUITO Feliz!

O meu Cão




"Enquanto não amarmos um Animal, uma parte da nossa alma permanecerá adormecida" 
Anatole Franco


Agora são muitos os livros sobre os nossos cães, os nossos gatos, há imensas histórias para contar sobre os os nossos amigos animais, eu também tenho muitas histórias com animais, umas melhores, outras piores. Os meus animais sempre foram e são especiais para mim. Foram muitos os que passaram pela minha vida, muitos os que ficaram para sempre. Mas hoje vou falar apenas do meu cão. Aquele que para mim era como um irmão.

O meu cão chamava-se Elvis
Era meigo, esperto, adorava crianças, cães, gatos, pássaros, queria brincar com tudo o que se mexesse, nunca magoou nenhum.

O Elvis adorava dar saltitos quando corria, rasgar papel, dormir de barriga para o ar, queria sempre ajudar, levando qualquer coisa na boca quando estávamos a chegar a casa, ou a trela ou um porta-moedas e ele ficava todo contente.
Adorava pegar na pontinha das almofadas, maiores que ele, com a boca e arrastá-las pela casa enquanto se abanava para nós, feliz.
Adorava puré e peixe cozido.
Corria para a beira dos nossos gatos quando miavam para os ajudar.
As orelhas do Elvis saltitavam quando ele saltitava.
Quando lhe perguntávamos onde tinha posto o chinelo ele ia buscá-lo,
Quando lhe perguntávamos pelas chaves que ele escondia mal entrávamos em casa para não sairmos, ele ia ao sitio mostrar-nos onde estavam.
Quando lhe perguntávamos pela bola ou pelo osso ou outro brinquedo ele sabia qual era e trazia-o.
Quando lhe dizíamos "olha a mosca", ele olhava à volta à procura,
Quando lhe dizíamos "olha um avião" ele olhava para o céu,
Quando lhe perguntava pelo meu pai ele ia a correr procurá-lo pela casa e dava um saltito a olhar para mim quando o encontrava.
Se lhe dissesse que o meu pai estava na cozinha ele ia directo à cozinha...
Ele entendia tão bem quando lhe dizia vai à cozinha, quarto ou sala, assim como rua.
Ele aprendeu dezenas de palavras, sem nunca procurarmos que o fizesse, apenas com a convivência, com a comunicação que existia entre nós.
Não havia ninguém mais feliz no Mundo quando eu chegava a casa, quando os meus pais chegavam a casa.
Foi o melhor cão do Mundo para mim e nunca deixarei de sentir saudades dele.
Foi dedicado e fiel a vida toda.
E embora não falasse, disse-me muito com o olhar, com a cauda, com os movimentos e os latidos, com o carinho, apoiou-me e esteve sempre lá quando precisei dum amigo e não tive ninguém por perto.

O Elvis nasceu em 1997 e faleceu em 2007, foi feliz e tratado como família durante toda a sua vida.

Cuidem Sempre dos Animais
 

Sandra Reis