Ele
era uma alma apagada
Seguindo
devagar pela névoa
Como
um soldado sem honra
Sem
espada, sem escudo, sem nada
As
enormes montanhas eram pequenas
Os
vales não lhe haviam chegado
Só
queria desaparecer
Não se
sentir esvaziado
Numa noite
o nevoeiro desapareceu
Ele
acordou, levantou-se
E
sentiu que algo aconteceu
As
árvores tinham flores
As
nuvens desapareciam
Havia
água nas nascentes
Mil
raios de sol nasciam
Ao
fundo do estreito caminho
Numa
pequena clareira,
Avistou-a,
Talvez
mais perdida que ele,
Entre
as árvores, sozinha sentada,
Uma
trança a cair do ombro
Lágrimas
na cara molhada
Tal
gotas de orvalho
Numa
floresta devastada
Ela
ouviu os passos
Levantou
a cara devagar
O
homem de cabelos compridos
Aproximava-se,
a olhar
Incrédula,
abriu os lábios
E o
ar, antes por ela rejeitado,
Entrou-lhe
nos pulmões
Como
se fosse empurrado
Ele
viu-lhe a face
Os
enormes olhos castanhos
Com
que tanto sonhou
Os
lábios que havia beijado
Avassalado
O
coração dele parou
Na
névoa de cem mil espadas
O medo
não o deteve
Não
tinha medo de morrer
Noite
após noite
Só
tinha medo
De não
a voltar a ver
Debaixo
deles, o chão estremeceu,
E na
clareira entraram
Cem
raios de sol vindos do céu
Ela
ergueu-se do chão
E,
para ele, correu
Abraçando-o,
tão forte
Que os
raios de sol fendeu
De
tantas noites sem saber
Se nos
seus braços
O
voltaria a ter
Quando
a sentiu
Ele
chorou
Sem
fôlego
A
beijou,
Nos
olhos, na boca
Tudo,
ao tempo, retornou
Ao
compasso do sol
O
tempo tinha voltado
Do
mesmo sítio,
Onde,
sem pressa,
Um dia
havia parado.
S.R.
Belos poemas os seus, parabéns.
ResponderEliminarBom domingo
Muito obrigada
EliminarUma boa semana