Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

24 de dezembro de 2017

Feliz Natal



Votos de um Feliz Natal.

O meu desejo de Natal é que o Universo possa levar carinho a todos os Animais neste Natal, mesmo aos que estarão sozinhos, fechados às escuras em canis, abandonados na rua ou presos a uma corrente... E que 2018 seja um ano de maior sensibilidade, empatia e respeito por todos os Seres Vivos.

Obrigada a todos os que Ajudam as Crianças, os Animais, os Sem Abrigo, e todos os que necessitam, independentemente de como o fazem, principalmente os que fazem tudo para ajudar mesmo que quando têm que "remar contra a maré". Feliz Natal.


Sandra Reis

5 de dezembro de 2017

A Fórmula do Amor


Hoje é um dia especial, mais especial do que arco-íris e unicórnios, mais mágico que fadas e dragões, mais feliz ainda do que qualquer outro antes deste.

Ser Mãe é uma felicidade suprema constante, é um desafio, uma aventura, um medo que trazemos escondido num recanto do peito, uma força que nos levanta até no pior momento, uma coragem que não teríamos por outra razão senão os filhos, um sorriso que nos sai directamente do coração... Ser Mãe é mais do que qualquer palavra criada possa exprimir.

A cada ano que passa este dia torna-se mais especial. Começo a sorrir uns dias antes, sempre que penso nisso. As duas fazem anos, uma faz cinco a outra faz três. O que por si só já é incrível, porque em 365 dias num ano elas foram escolher exactamente o mesmo dia e o mesmo mês para nascer. 

Olho para elas, observo-as, admiro-as, e pergunto-me como não vejo o tempo a passar de dia para dia, como é possível que tudo parece que aconteceu ONTEM, e não, há um ano, dois ou cinco...

A mais velha pergunta a toda a hora "Mãe, quantos dias faltam para os meus anos?" e já conta os dias por ordem decrescente. A mais nova não percebe porque conta ela os números ao contrário, mas quando lhe dizemos que vai fazer anos ela sorri e salta porque sabe o que isso significa, embora não perceba realmente o que isso quer dizer.

Olho para a mais velha, dois anos antes ela era assim e aí sinto que o tempo passou. Olho para a mais nova e percebo que ela irá contar os dias como a mais velha, talvez daqui a um ano, um ano que parece distante mas que, chegado lá, parecerá meras horas para mim.

Olhando para trás, eu vejo que desde o minuto em que elas nasceram até este minuto, o tempo realmente voou. Mas no presente o tempo parece quase parado, como se tivessem nascido apenas há alguns minutos, como desde qualquer outro momento até agora, parecem sempre ontem. Talvez seja esta a verdadeira teoria da relatividade.

Tenho momentos em que sinto que o tempo não chega para tudo e às vezes nem chega para nada. Mas quando penso nelas, quando fico a observá-las, de alguma forma, o tempo parece distorcer-se. Talvez seja esse o verdadeiro wormhole, em que conseguimos viajar no espaço-tempo em segundos, percorrendo anos em meros minutos.

E as duas vão crescendo, mudando, e eu vou percebendo isso ao olhar para elas, mas, de alguma forma, não vejo o tempo, porque esse passa de uma maneira muito diferente, de uma forma que só uma mãe e um pai podem perceber. Talvez, não seja uma equação do tempo, talvez esta seja simplesmente a fórmula do amor verdadeiro e puro, um amor infinito, sem tempo, sem espaço, sem limites.

S.R. 

11 de novembro de 2017

Amizades Encantadas



Esta Cinderela faz-me sorrir e sentir bem. Não me faz pensar em Príncipes Encantados, até porque apesar de já ter acreditado nisso um dia, sei que não existem, pelo menos encantados não, apenas Príncipes sim. Mas a razão porque adoro a Cinderela, e me sinto feliz ao vê-la é porque me faz voltar a um tempo que foi, esse sim, Encantado, a minha infância. Um tempo cheio de magia que me traz inspiração e coragem. Um tempo cheio de amizades encantadas e eternas, o meu pai, a minha mãe, os meus primos, os meus amigos, amizades que cresceram com os anos, com a vida.

É verdade que temos por vezes saudades de quem se afastou ou de quem afastamos, é verdade que procuramos alguém perfeito, para nós, que procuramos um Príncipe quase Encantado, ou o mais parecido possível, mesmo depois de sabermos que não existe ninguém perfeito, que não fazemos parte duma história encantada, e mesmo até depois de já nos terem partido o coração, talvez uma vez, talvez mais.

Mas é bom sonhar... Acreditar, ter esperança, sorrir... Há momentos na vida, em que pensamos que com a idade perdemos a capacidade de sonhar, mas não é verdade, não tem a ver com a idade, apenas com o nosso coração, e por mais partido que esteja conseguimos sempre arranjar uma forma de ter esperança, de sonhar...

Como todas as quase Cinderelas do nosso Planeta, conheci alguns quase Príncipes que me fizeram sorrir, acreditar, sonhar e chorar, alguns que nem gostaria de voltar a encontrar, mas não ficou nada perdido dentro de nós, nem a esperança. Mesmo que nos magoem, desiludam, traiam, que façam o nosso mundo desmoronar, desaparecer dos nossos pés, mesmo que cada um possa ter um pouco de perfeito e um muito de imperfeito nas suas coisas, fizeram-nos amadurecer, aprender, crescer. Tornaram-nos mais fortes. Às vezes há pequenas surpresas que surgem das nossas histórias desencantadas.

Aconteceu-me a mim, tive alguns desgostos, alguns terríveis até, e entre esses também tive muitos momentos felizes. Mas tive um especial, uma espécie de milagre, em que duma história desencantada de quase Príncipes e Princesas surgiu uma grande amizade. Uma amizade que nasceu dum amor de adolescentes, uma improbabilidade que se tornou real e nos tornou melhores amigos há mais de duas décadas, uma amizade que transcendeu todos os obstáculos e todas as possibilidades.

Vale a pena arriscar para descobrir o que pode acontecer.

S.R.

6 de novembro de 2017

Bolo de Laranja e Iogurte com Pedaços de Chocolate





 
5 ovos inteiros
250gr açúcar
1 c. sopa de planta
225gr farinha
3 iogurtes naturais
Sumo de 1 laranja
Nutella
¼ de uma tablete de chocolate de leite



Pré-aquecer o forno a 150ºC e forrar uma forma com papel vegetal.
Misturar os ovos, o açúcar, bater, juntar a manteiga, bater, adicionar a farinha e depois os iogurtes, bater novamente e juntar sumo de uma laranja espremida. Quando a mistura estiver no ponto, despejar sobre a forma já forrada. Espalhar pequenos pedaços de nutella com a ajuda de duas colheres de café. Cortar o chocolate em pedacinhos pequeninos e deixá-los cair docemente pela massa. Levar ao forno.

Colocar no forno a 140ºC durante 50 minutos só por baixo.




2 de novembro de 2017

Espinho...

Sinto saudades de Espinho...
Penso na minha cidade que, mesmo longe dos incêndios, tantas mãos e bolsos vis tratam de destruir ano após ano.

Tenho saudades da forma como a brisa à beira-mar me afagava o cabelo no outono. Em Espinho sinto-me completa, reconheço-me, encontro-me, não me sinto perdida, desligada, uma estranha ou emigrante em terra desconhecida. Em Espinho sinto-me protegida do mundo, como uma criança assustada no colo da sua mãe.

Não podemos permitir que destruam a cidade, que se perde a identidade a pouco e pouco. As casas abandonadas, as lojas afogadas pela indiferença de quem pode salvar esta cidade mas prefere olhar a tesouros alheios.

Espinho não quer crescer, não anseia ser moderna ou melhor que nenhuma outra, não deseja ser grandiosa, Espinho só quer viver, a vida que tinha e lhe foi tirada aos poucos sem ninguém perceber. 
Espinho só quer ser o que sempre foi, uma cidade grande de coisas pequenas, pequenas mas cheias de valor e importância.

Quem a governa com ganância não sabe o que Espinho quer, e tira-lhe a água das raízes como uma árvore a quem impedem de viver.

Espinho é o meu berço, onde escrevi a minha história. Espinho não é o abraço de uma figura em ouro reluzente, tal escultura fria e sem alma... Espinho é o abraço duma mãe carinhosa, atenciosa e dedicada.

S.R.



...


 
 Um vídeo de Jorge Portojo

Um vídeo de "Horizontes da Memória"
com o Prof. José Hermano Saraiva


20 de outubro de 2017

A luz do céu de Domingo...

 

Tirei esta foto da minha varanda no Porto no domingo, ainda sem saber o que estava para vir, tinha estado uma manhã radiosa e ao fim da tarde o céu tinha tons amarelos e cinza, eu pensei que era uma mistura de começos de Outono com chuva a aproximar-se, ainda não tinha ligado a televisão, nem o computador e as crianças olhavam da janela e diziam-me "Que luz estranha está tudo amarelo lá fora" e mal sabia eu que não eram nuvens de chuva mas de fumo, que mesmo de longe, chegavam ao Porto...

É sempre difícil falar do que nos magoa profundamente. Embora não tenha sido afectada directamente pelos incêndios aqui no Porto, sinto que me espetaram pequenos estilhaços no coração. Não é justa a vida, é verdade, mas ver pessoas a perderem tudo, tudo o que construíram uma vida inteira, só porque alguém gosta de atear fogo, ou por guerras comerciais, interesses económicos, destruição política... As guerras são deles, não do povo. Morreram pessoas sufocadas, carbonizadas, não é maneira de morrer, assim se morria na idade média, não agora. As que sobreviveram sofreram e sofrem, perderam tudo o que construíram, perderam família, perderam mais um pouco de fé na humanidade. Morreram milhares de animais de forma tão cruel... Associações e humanos que arriscaram as vidas para salvar os animais, outros que os tiveram que libertar ao seu destino para terem pelo menos a oportunidade de talvez sobreviverem. Há um rasto de vidas carbonizadas em Portugal, e quando falo de vidas refiro-me a todas, sejam humanas ou não humanas. Em minha casa, desde pequena, os animais são família, não precisamos esperar pela da nova lei para os amar, entender e saber que eles sofrem, choram, angustiam, entram em depressão, como nós humanos.

Estes dias nem consegui falar, mediante tanta destruição no nosso País, não existem palavras que cheguem, nem lágrimas que limpem os corações de quem sentiu e ainda sente esta devastação. Uma cadela que carregava na boca uma cria bebé carbonizada. Não é preciso mais palavras que isto. Há animais mais humanos que os homens. Esta cadela carregou a cria morta e queimada, não a abandonou e, apesar da aflição, houveram demasiados humanos que deixaram cães acorrentados, enjaulados e animais fechados em celeiros perante a aproximação das chamas. Acredito que alguns podem não ter conseguido mas também sei que muitos nem tentaram... Isso deixa-me o coração cheio de tristeza, uma tristeza maior que qualquer revolta, uma tristeza que tão cedo não conseguirei esquecer nem perdoar...

Não perdi a fé nem a esperança na humanidade, apenas em muitos humanos que não o são verdadeiramente. Como puderam fazer isto ao nosso Portugal? Tínhamos um País tão lindo, tão sereno... Aldeias históricas... É impossível não chorar ao ver as imagens da vida a arder, os nossos pinhais, o verde do nosso País, a Natureza, também fazemos parte do Planeta... Acho que muitos de nós estão num luto interior silencioso, porque ainda parece tão difícil de acreditar, acreditar que pessoas, como nós, possam ter-se divertido a fazer isto ou possam ter feito isto com intuitos lucrativos sem se importarem com ninguém Considero estes incêndios e os anteriores um atentado contra o nosso Portugal, contra o nosso Planeta e todas as formas de vida nele e espero que seja feita justiça, uma justiça a sério, sem pulseiras, sem imunidades...

Trago Portugal em cinzas no meu coração, mas sei que, embora devagar, vai recuperar, porque nós portugueses somos fortes, aguentamos tudo mesmo quando acreditamos que não poderíamos aguentar mais. E não tarda, um dia o Sol volta a brilhar dentro de cada um de nós, e nesse dia voltaremos todos a estar de pé e a esperança será renovada.

Plantemos todos uma árvore,
purifiquemos o pulmão do nosso País,
por todos, por Portugal, por D.Dinis!

Sandra Reis

10 de outubro de 2017

Os Animais


Dia 4 foi Dia Mundial dos Animais, para mim devia ser todos os dias, assim como o dia da Mãe, o dia da Criança, porque todos merecem respeito, amor e carinho.

Se há algo que nunca consegui compreender desde criança era como poderia alguém magoar um animal. Felizmente cresci numa casa e no meu jardim (encantado para mim), havia de tudo, formigas, borboletas, caracóis, toupeiras, ratos, pássaros, minhocas, bichinhos daqueles castanhos que faziam uma bolinha se lhes tocássemos e gatos também que passavam de casa em casa, jardim em jardim através dos muros. Sempre achei que aquele mundo cheio de verde, flores e animais tinha que ser um mundo especial, encantado, mais encantado que qualquer história de Príncipes e Princesas.

Durante a adolescência, que por si só já é uma fase difícil porque somos surpreendidos todos os dias com novos sentimentos e emoções para aprender a gerir, eu percebia que não conseguia gerir a tristeza e a angústia horrível que sentia sempre que via um animal perdido na rua sozinho, um cão acorrentado a uma casota, um gato que parecia doente, quanto mais descobrir que os homens torturam animais, abandonam animais, abusam e maltratam-nos, deixam-nos a morrer à fome...

Tive um instrutor de condução, em 97 acho, e ainda hoje me lembro bem, que abriu a porta do carro em andamento para empurrar um cão que estava parado no meio da rua, não o magoou porque eu ía a 20 para aí, mas podia ter magoado, e foi a atitude desumana e fria que me chocou, fiquei tão mal que nunca mais lhe falei.

Depois disso comecei a ver um mundo, o mundo real, que não sabia que existia, quando percebi que não conseguia fechar os olhos, era doloroso demais fingir ou esquecer, comecei a agir por minha conta e risco... Tanta gente contra mim... É tão fácil analisar e rotular os outros quando nem sequer nos conhecem... Quando se ajuda os animais somos rotulados, mas nunca me incomodou. Uns pensam e dizem que não podemos funcionar bem da cabeça por andarmos a resgatar animais, outros agridem-nos fisicamente.

Em 2006 quando tentava desesperadamente tirar um cão da rua com um amigo, com grande dificuldade dado que não tínhamos nada, nem conhecíamos ninguém que nos ajudasse, nem associações, nem família, nada, fizemos tudo por aquele cão... E numa noite em que estávamos lá sentados no jardim com ele, fomos apedrejados, sim, como fazem nos países árabes, só que eram bem portugueses aqueles, o meu carro ainda tem as moças no tejadilho, tivemos que correr e enfiar-nos dentro do carro, eram mais de 12, um homem, a mulher, o filho e os amigos do rapaz de dezassete ou dezoito anos, todos de pedras na mão, apenas porque não queriam que fossemos fazer festas ao cão que alguém tinha abandonado ali (provavelmente eles, a mulher do homem, segundo uma vizinha). A polícia não fez NADA. Falamos com uma vizinha que felizmente deixava o cão dormir dentro da garagem da casa dela à noite, para não lhe fazerem mal, a nossa procura por família continuou e as nossas visitas ao cão também, mas mais escondidos, foi uma luta muito dura, um enorme desgosto, ficam a revolta e a mágoa... Ajudar aquele cão não foi suficiente... Não foi suficiente porque o ser humano é um ser mau, muito mau...

Até hoje não parei mais, há dias em que sinto que estou a cair num abismo, mas quando acordo de manhã, mesmo sem força, sei que não posso deixar-me cair nesse abismo porque o que será desses animais se todos nos entregássemos ao cansaço e à apatia, se não houvesse ninguém para os ajudar? Ao longo dos anos tive que aprender a lidar com o facto de não poder salvar o mundo, de não poder salvar nem uma pequena fracção do mundo, é difícil, é uma impotência que nos abafa e aperta no peito, mas eu sei que não sou sobre-humana... Ninguém é... Mas se educarmos as Crianças e os Adultos para esta realidade paralela dos Animais que é a nossa também, e se todos fizerem um pouco pelo menos, tudo será muito melhor... Há milhões de Animais que precisam de nós.

Nós alteramos e destruímos ecossistemas, provocamos a extinção de milhares de animais, poluímos, enchemos o mar e os oceanos de plástico, destruímos para extrair petróleo, fizemos buracos no ozono, cortamos as árvores que nos dão AR!

Nós homens temos voz para pedir ajuda, somos responsáveis e temos o dever de respeitar e ajudar todos os seres indefesos. Mas esta história fica para outro dia, até porque é uma história cheia de histórias, umas acabam bem, outras acabam mal, e independentemente de como acabam, temos sempre que conseguir encontrar a força para continuar.

Glorifico todos os que ajudam os Animais, seja pouco ou muito, simplesmente porque não fecham os olhos nem lhes viram as costas, e estes sim, são Humanos!


1 de outubro de 2017

Um Porto Encantado



Quando eu era pequena íamos muitas vezes ao Porto. Sempre gostei do Porto. Não sei se mais do que agora que vivo no Porto, era simplesmente diferente, eu era criança e quando somos crianças vemos tudo duma forma especial, vemos para além do que os outros vêm, vemos pormenores que tornam as coisas profundas e sempre, mas SEMPRE, belas.

Quando crescemos entendemos coisas que não entendíamos e vemos pormenores reais e tristes que não víamos, vemos as coisas duma forma mais realista e objectiva. As pessoas que dormem no chão enroladas em tapetes ou dentro de caixotes, outros que pedem nas ruas, tantas lojas que fecharam e ficaram assim, abandonadas, as casas tão bonitas, agora devolutas, o turismo, que é bom claro para ajudar a reconstruir a cidade, mas de que certa forma, vai tirando aos poucos alguns pedaços da identidade tripeira. Mas a verdade, é que neste momento, não falta nada no Porto. Agora vejo a cidade e vivo-a todos os dias, porque moro nela, e é diferente, não é um olhar atento como era, não é um olhar fascinado como era, é um olhar de orgulho, mas às vezes o caminho passa-nos ao lado, porque quando vemos algo todos os dias, por vezes, esquecemo-nos de o apreciar e ver realmente, como quando somos crianças.

Lembro-me do enorme choque que tive quando tiraram o jardim da Avenida dos Aliados, lembro-me de pensar "que crime...", não podia acreditar, como poderiam fazer algo tão mau, tantos anos percorri aquele jardim, quando vinha de Espinho saía na Estação de S. Bento para apanhar outro comboio na Trindade, passei ali tantas vezes, corri ali, admirava as esculturas entre as flores e o jardim, e de um momento para o outro, transformam todo o verde num enorme tapete de betão porque um homem que se senta na cadeira do poder não gosta de aves por perto, um homem que proibiu os portuenses de alimentar gatos ou cães abandonados na rua e com ameaças físicas, um homem que queria destruir os jardins do palácio de cristal, que corta árvores que nos dão ar e sombra, um homem que cortou na cultura mas gastou em alcatrão para corridas de carros, um homem que queria matar todas as aves do Porto, um homem sozinho que quase tornou o Porto numa cidade mais cinzenta e insalubre do que nos anos da revolução industrial e "esqueceu" que a cidade é dos portuenses e não dele... Não consigo evitar de mostrar o meu desprezo por esta pessoa, por todo o mal que fez à cidade, às pessoas e a todos os seres...

Lembro-me de descer a Avenida da Boavista de Eléctrico, a ver o mar à minha frente e a sentir o vento no cabelo, as portas de abrir e fechar que não eram portas, mas eram fascinantes para mim.
Lembro-me de achar a Estação de S.Bento enorme e fascinante, não dum ponto de vista estético, como agora, havia algo ali, talvez as histórias das centenas de pessoas que chegavam e íam embora, acho que era isso.
Lembro-me de passar a ponte Maria Pia de comboio e como era pequenina não via as grades da ponte e fingia que estava a voar, quando entrávamos no túnel lembro-me de ficar tudo escuro e de conseguir ver as paredes, o som ficava diferente dentro do comboio, até um cheiro mais quente e abafado, e acho que eram três os túneis por onde passava até ver a chegada a S. Bento, e entrar na estação depois do túnel era uma chegada tão mágica como se chegasse à cidade do Pai Natal.
São tantas as memórias, nunca mais acabam...
Os vendedores de bolacha americana na rua e de batata frita na praia. Ainda lhes sinto o cheiro :)

No entanto o Porto está neste momento numa fase incrível de renascimento. Seria terrível deixar o Porto morrer, tem tudo para ser uma cidade inesquecível. Neste momento fico contente porque vejo o Porto renascer a cada esquina, sei que levará tempo e muito trabalho, mas é um começo. E a vida é assim, feita de começos, pequenos, grandes, curtos, longos, mas todos com história, histórias que se contarão um dia mais tarde.

16 de setembro de 2017

Mais respeito que sou tua mãe!


FENOMENAL!

Sempre fui apaixonada por teatro, durante anos segui o trabalho de algumas companhias de teatro aqui no Porto, principalmente o grupo da Palmilha Dentada, depois de os ver a primeira vez em "Armadilha de Condóminos", nunca mais os larguei, são excelentes! Quando tinha 15 anos, cheguei a pensar em vir para a escola de teatro no Porto e seguir esse meio, mas os meus pais não concordaram com um curso de teatro para o meu futuro e acabei por seguir para o ensino, o qual adoro também, claro.

Quando vi, há uns meses atrás, o anúncio da peça: "Mais respeito que sou tua mãe", eu percebi que não podia perder a oportunidade! Uma comédia e ainda por cima com o Joaquim Monchique, um dos melhores actores de teatro portugueses, e a comemorar os 30 anos de carreira!

As cortinas ainda não tinham aberto já a sala estava toda a rir, (mas não vou dizer porquê para não estragar a surpresa a quem não viu ainda), a meio doíam-me os maxilares de tanto rir, foi fenomenal! A melhor peça que vi até hoje, um argumento inteligente e de rir às gargalhadas, os diálogos, o monólogo, o profissionalismo, as actuações, até o cenário é fantástico. As referências do Joaquim Monchique às mais recentes actualidades, algumas do próprio dia, assim de improviso e tão bem encaixadas no argumento, apanham-nos completamente desprevenidos e deixam-nos a rir aos mais altos decibéis. Foi a primeira vez que o vi ao vivo. Ele é genial!

Acreditem, foi tão bom que já tenho bilhete para lá voltar no dia 8! :D

Não percam a oportunidade, comprem um bilhete!
Até dia 22 de Outubro no Teatro Sá da Bandeira.


Vídeo:




7 de setembro de 2017

Um dia bem passado :)

Depois de um ano à espera da tão aguardada feira do livro, nada melhor do que ter o prazer de apreciá-la dentro da Natureza.
Este ano não estão tantas editoras como era habitual mas acho que a ida à Feira está aquém de comprar livros. É mais aquele momento em que nos sentimos rodeados de coisas boas que nos aquecem e confortam. A brisa fresca nas árvores com o sol que ainda não esmoreceu do Verão, o ambiente musical dos pássaros, a energia dos patos fora e dentro do lago, o burburinho de gente ao longe, os livros novos, usados, antigos, até os esgotados vieram à Feira do Livro.
Tantos sons, tantas cores, tantas histórias, tanta vida à nossa volta. Como uma Primavera a florescer no Outono.
O vídeo aqui:




Bolos em 2 minutos - 2º Round!

Depois de ter feito a experiência que me sujou o microondas todo enquanto a massa escorria chávena fora :) tentei novamente, desta vez pus menos quantidade por chávena, mas ainda não foi desta, tenho que pôr ainda menos quantidade.

Uma espécie de mini-bolo mármore:

1 ovo
3 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de manteiga
3 colheres de farinha
2 colheres de sopa de leite
Meia colher de café de fermento
50gr de chocolate de culinária

Numa tigela, bater o ovo, juntar o açúcar, a manteiga já derretida, a farinha, o leite e o fermento, misturar tudo bem e depois deixar um pouco na tigela e dividir o restante por canecas. Noutra tigela colocar 50gr de chocolate de culinária a derreter no microondas, uns 30 segundos chegam. Juntar o chocolate à massa que sobrou na tigela e misturar ambos. Colocar um bocadinho dessa massa com chocolate por cima e no centro de cada caneca. Levar cada caneca ao microondas por 1 minuto.

Mais uma vez sujei o microondas todo e as chávenas inclusive, mas é como dizem, à terceira é de vez e não vou desistir! :)

6 de setembro de 2017

#1 De Braços Abertos


Ontem foi dia de pipocas!
Há mais de um ano que não ia ao cinema, de tal maneira que até fiquei de boca aberta com o preço das bebidas no cinema, 3,60€ por uma bebida pequena! Mas que tipo de inflação é esta que o cinema sofre? Depois lembrei-me, por isso é que eu ia sempre buscar uma bebida ao hipermercado ou uma coca-cola ao Mac, porque pelo menos era melhor e metade do preço.
Mas pelos vistos havia uma promoção da Yorn em que mandamos uma sms para um número de 4 dígitos e nos enviam logo um código, ou seja, o filme em vez de 5€ e tal ficou por 3,50€ e tive direito a um menu médio por 3€ também, embora as pipocas tenham ido todas antes do filme começar :)

Desta vez fugi à tradição dos grandes filmes tipo Star Wars, também não havia Star Wars :) E decidi ver um filme francês "De braços abertos", sobre um tipo que diz abraçar todas as raças e etnias num livro e depois. para promover o livro, vê-se numa situação de frente a frente com uma espécie de "Le pen" que lhe pergunta se acolhia ciganos na casa dele, ao que ele acaba por dizer que sim, de braços abertos e não é que no mesmo dia lhe vão bater à porta uma família de ciganos! :)

Foi muito divertido. É diferente, é MUITO divertido e ainda tem um quê de inspirador. Recomendo ;)



5 de setembro de 2017

A minha cidade




Hoje de manhã quando fui à varanda, senti a brisa de outono da minha cidade, aquela que agora quase nunca vejo, por obra do destino. Entramos agora em setembro e estou mais longe do mar do que naquela bela cidade em que cresci e vivi a minha vida toda sempre com o mar a 100 passos do meu portão, mas por alguma razão hoje quando saí para a varanda ainda em pijama, pude viajar até lá, sentir o cheiro, a temperatura, a brisa… Pousei as mãos no parapeito e simplesmente fechei os olhos, inspirei o ar, ouvi o burburinho da brisa nas folhas das árvores, e por segundos eu estava de volta à minha vida, à minha casa, à minha infância, à minha adolescência, à minha cidade.

Ainda há muitos que me dizem que não gostam dela, e em forma de juízes dizem que não é uma cidade, mas uma aldeia. Se fosse uma aldeia não seria uma aldeia bonita na mesma? Há centenas de aldeias lindas em Portugal! Mas como pode alguém não gostar dela? Talvez a achem uma aldeia porque todos se conhecem ali, nenhuma caminhada ao fim do dia é semelhante a um passeio por terras estranhas, por entre gentes desconhecidas, porque todos se conhecem, todas as caras são familiares, há uma sensação de não solidão quando se anda na rua. Ao contrário de outras cidades, como no Porto por exemplo, pode-se viver lá uma vida inteira sem se conhecer sequer a cara dum vizinho.
Para mim e para os meus amigos conterrâneos, nenhuma cidade é como a nossa, quando estamos longe não há dia que não pensemos nela, não há dia que não desejemos lá voltar como um bebé recém-nascido que deseja o calor da mãe. Crescemos com um sentido e um amor “patriótico” pela cidade. Porquê, perguntam-me muitas vezes. Ao que respondo “Não sei… Talvez porque é uma cidade completa, como todos queremos ser, e só quem nela cresce pode entender”
É cidade especial. Embora agora mais envelhecida, com alguns sinais de abandono e esquecimento, e para quem lá volta, muito lhe possa parecer diferente, continua a haver aquela ligação forte e inexplicável que nos permite ver além  do que é visível, que nos permite reconstruir cada pedaço destruído com os nossos olhos e recordar tudo como se nada tivesse mudado a não ser os nossos cabelos, cada vez mais prateados.
Cada rua tem memórias, cada quarteirão, cada lugar, cada esquina, cada janela… Nada é impessoal e tão vulgar que nos passe ao lado, nada fica esquecido. Os azulejos de cada casa, a distância entre cada árvore, os gatos de cada esquina, as flores de cada canteiro, os baloiços dum parque de terra, os bancos vermelhos do jardim onde as nossas mães nos vigiavam, as lojas pequenas e simpáticas, os trilhos, a bicha das 7 cabeças, os montes, as ruas que descem retas e todas na mesma direção, o mar.
Crescemos com aquela praia sempre perto, cada rocha tem um lugar na nossa lembrança, cada onda, cada pegada que ali fizemos, fosse verão ou inverno. Aquela areia não é apenas um porto de descanso para bronzear no verão, ali, a praia, enquanto crescemos, vai-se transformando numa espécie de amiga, como um cão ou um vizinho, que nos acompanha ao longo dos anos, a quem nos habituamos e afeiçoamos profundamente. O mar então, é um forte, onde encontramos coragem, equilíbrio, inspiração. Sentamo-nos virados para o mar, atrás de nós outros continuam o “passeio dos tristes” que completa o dia, à nossa frente as ondas desfazem-se na areia. A imagem é tão intensa que conseguimos apagar completamente todos os passos, gargalhadas e conversas atrás de nós. Todos os nossos sentidos se esvaziam de tudo, de tão completos que ficam com a imagem, cheiro e som do mar, que nos invade tão rapidamente como uma flecha do cupido.
A minha cidade é completa, não lhe falta nada, a não ser todos aqueles que tiveram que partir por obra do destino. Faltam eles e falto eu dentro dela de vez em quando, para me sentir feliz e inteira, para me sentir eu, como sempre fui, como sempre serei.