Dia 4 foi Dia Mundial dos Animais, para mim devia ser todos os dias, assim como o dia da Mãe, o dia da Criança, porque todos merecem respeito, amor e carinho.
Se há algo que nunca consegui compreender desde criança era como poderia alguém magoar um animal. Felizmente cresci numa casa e no meu jardim (encantado para mim), havia de tudo, formigas, borboletas, caracóis, toupeiras, ratos, pássaros, minhocas, bichinhos daqueles castanhos que faziam uma bolinha se lhes tocássemos e gatos também que passavam de casa em casa, jardim em jardim através dos muros. Sempre achei que aquele mundo cheio de verde, flores e animais tinha que ser um mundo especial, encantado, mais encantado que qualquer história de Príncipes e Princesas.
Durante a adolescência, que por si só já é uma fase difícil porque somos surpreendidos todos os dias com novos sentimentos e emoções para aprender a gerir, eu percebia que não conseguia gerir a tristeza e a angústia horrível que sentia sempre que via um animal perdido na rua sozinho, um cão acorrentado a uma casota, um gato que parecia doente, quanto mais descobrir que os homens torturam animais, abandonam animais, abusam e maltratam-nos, deixam-nos a morrer à fome...
Tive um instrutor de condução, em 97 acho, e ainda hoje me lembro bem, que abriu a porta do carro em andamento para empurrar um cão que estava parado no meio da rua, não o magoou porque eu ía a 20 para aí, mas podia ter magoado, e foi a atitude desumana e fria que me chocou, fiquei tão mal que nunca mais lhe falei.
Depois disso comecei a ver um mundo, o mundo real, que não sabia que existia, quando percebi que não conseguia fechar os olhos, era doloroso demais fingir ou esquecer, comecei a agir por minha conta e risco... Tanta gente contra mim... É tão fácil analisar e rotular os outros quando nem sequer nos conhecem... Quando se ajuda os animais somos rotulados, mas nunca me incomodou. Uns pensam e dizem que não podemos funcionar bem da cabeça por andarmos a resgatar animais, outros agridem-nos fisicamente.
Em 2006 quando tentava desesperadamente tirar um cão da rua com um amigo, com grande dificuldade dado que não tínhamos nada, nem conhecíamos ninguém que nos ajudasse, nem associações, nem família, nada, fizemos tudo por aquele cão... E numa noite em que estávamos lá sentados no jardim com ele, fomos apedrejados, sim, como fazem nos países árabes, só que eram bem portugueses aqueles, o meu carro ainda tem as moças no tejadilho, tivemos que correr e enfiar-nos dentro do carro, eram mais de 12, um homem, a mulher, o filho e os amigos do rapaz de dezassete ou dezoito anos, todos de pedras na mão, apenas porque não queriam que fossemos fazer festas ao cão que alguém tinha abandonado ali (provavelmente eles, a mulher do homem, segundo uma vizinha). A polícia não fez NADA. Falamos com uma vizinha que felizmente deixava o cão dormir dentro da garagem da casa dela à noite, para não lhe fazerem mal, a nossa procura por família continuou e as nossas visitas ao cão também, mas mais escondidos, foi uma luta muito dura, um enorme desgosto, ficam a revolta e a mágoa... Ajudar aquele cão não foi suficiente... Não foi suficiente porque o ser humano é um ser mau, muito mau...
Até hoje não parei mais, há dias em que sinto que estou a cair num abismo, mas quando acordo de manhã, mesmo sem força, sei que não posso deixar-me cair nesse abismo porque o que será desses animais se todos nos entregássemos ao cansaço e à apatia, se não houvesse ninguém para os ajudar? Ao longo dos anos tive que aprender a lidar com o facto de não poder salvar o mundo, de não poder salvar nem uma pequena fracção do mundo, é difícil, é uma impotência que nos abafa e aperta no peito, mas eu sei que não sou sobre-humana... Ninguém é... Mas se educarmos as Crianças e os Adultos para esta realidade paralela dos Animais que é a nossa também, e se todos fizerem um pouco pelo menos, tudo será muito melhor... Há milhões de Animais que precisam de nós.
Nós alteramos e destruímos ecossistemas, provocamos a extinção de milhares de animais, poluímos, enchemos o mar e os oceanos de plástico, destruímos para extrair petróleo, fizemos buracos no ozono, cortamos as árvores que nos dão AR!
Nós homens temos voz para pedir ajuda, somos responsáveis e temos o dever de respeitar e ajudar todos os seres indefesos. Mas esta história fica para outro dia, até porque é uma história cheia de histórias, umas acabam bem, outras acabam mal, e independentemente de como acabam, temos sempre que conseguir encontrar a força para continuar.
Glorifico todos os que ajudam os Animais, seja pouco ou muito, simplesmente porque não fecham os olhos nem lhes viram as costas, e estes sim, são Humanos!
Subscrevo na totalidade, eu adoro os animais, são os seres mais puros a par das crianças. Devemos exigir que sejam amados e respeitados.
ResponderEliminarObrigada. Que cada vez hajam mais humanos assim
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