Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

2 de novembro de 2017

Espinho...

Sinto saudades de Espinho...
Penso na minha cidade que, mesmo longe dos incêndios, tantas mãos e bolsos vis tratam de destruir ano após ano.

Tenho saudades da forma como a brisa à beira-mar me afagava o cabelo no outono. Em Espinho sinto-me completa, reconheço-me, encontro-me, não me sinto perdida, desligada, uma estranha ou emigrante em terra desconhecida. Em Espinho sinto-me protegida do mundo, como uma criança assustada no colo da sua mãe.

Não podemos permitir que destruam a cidade, que se perde a identidade a pouco e pouco. As casas abandonadas, as lojas afogadas pela indiferença de quem pode salvar esta cidade mas prefere olhar a tesouros alheios.

Espinho não quer crescer, não anseia ser moderna ou melhor que nenhuma outra, não deseja ser grandiosa, Espinho só quer viver, a vida que tinha e lhe foi tirada aos poucos sem ninguém perceber. 
Espinho só quer ser o que sempre foi, uma cidade grande de coisas pequenas, pequenas mas cheias de valor e importância.

Quem a governa com ganância não sabe o que Espinho quer, e tira-lhe a água das raízes como uma árvore a quem impedem de viver.

Espinho é o meu berço, onde escrevi a minha história. Espinho não é o abraço de uma figura em ouro reluzente, tal escultura fria e sem alma... Espinho é o abraço duma mãe carinhosa, atenciosa e dedicada.

S.R.



...


 
 Um vídeo de Jorge Portojo

Um vídeo de "Horizontes da Memória"
com o Prof. José Hermano Saraiva


Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pela visita