Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

13 de março de 2017

O tempo





Era pequena quando vi este filme de 1960 com os meus pais, na altura nem parecia um filme muito antigo como parece agora, acho que em 80 não tinha havido uma grande evolução no cinema como houve depois até ainda agora. Mas lembro-me de imensos pormenores deste filme fantástico, marcou-me pela positiva, pelo facto de criar na minha imaginação uma possibilidade de poder viajar no tempo, tanto para o passado para ver tudo o que tenho curiosidade de saber, como para o futuro para espreitar um pouco do que gostava de saber.

Mas afinal o que é o tempo?

Devemos contorná-lo? Deixá-lo passar? Atravessá-lo e observá-lo conforme passa? Ou será que podemos ser parte dele, mudá-lo, recriá-lo, vivê-lo e senti-lo?

Um dia, cada um de nós, perguntará, "Então, o que é o tempo?" Porque é que precisamos de tempo para tudo, porque é que tudo tem um tempo... 
Será ele uma ilusão, uma percepção ou uma realidade?

Ele persegue-nos ou caminho connosco?
Devemos chorar por ele ou desejá-lo?

Poderemos nós abrandá-lo ou fugir dele?
E se isso fosse possível será que desejaríamos mesmo fazê-lo, sabendo todos os riscos, tudo o que poderíamos perder e sofrer com a metamorfose dos eventos?
 
Seriam realmente, os biscoitos das nossas avós ou o leite-creme das nossas mães os melhores do mundo? Ou não terá sido o tempo que transformou aquele aroma, no aroma da nossa infância?

Serão as nossas memórias do passado realmente mágicas ou foi a impossibilidade de voltar atrás no tempo que as tornou mágicas?...

Eu penso que, apesar do tempo nos trazer saudades e nos impedir de voltar a sentir algo, haverão memórias que serão sempre mágicas, inesquecíveis, intemporais. Memórias até que, muitas vezes, nós próprios não recordamos, não sabemos que existem, e basta um som, um cheiro, uma música, uma cor, uma gota de chuva, para nos reencontrarmos com uma memória escondida ou que julgávamos há muito esquecida. 

Não é, somente, o tempo que transforma pedaços do nosso passado em momentos encantados. Há memórias que, por si só, transcendem e transcenderão sempre todos os tempos.

S.R.

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