Feliz 2021! 💗
Beijos a todos e obrigada! 💗
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Beijos a todos e obrigada! 💗
A todos os meus queridos amigos um Feliz Natal cheio de amor, saúde e alegria ❤️
Beijinhos grandes 😘❤️🎄
“Se abrimos uma porta e não vemos o que procuramos,
não desistimos, porque o que não está à primeira vista,
pode estar, simplesmente, ao rodar de mais uma maçaneta”
S.R.
Depois de ler a carta perguntava-se como poderia saber se ele ainda estaria vivo… Dois anos depois de ele a ter escrito, sem mais notícias… E quem teria entregue a caixa aos pais dele. Tinha que ir perguntar. Voltou a ler a carta, releu e releu, até que num instante de perfeita lucidez parou no “P.S.”. Naquele momento, houve uma esperança, uma palpitação no peito, havia ali uma mensagem para ela… que só ela entenderia. Enfiou a carta no bolso e saiu de casa a correr jardim fora.
Quando eles tinham dezasseis anos, ao passarem no parque, encontraram alguns pedaços de casca de árvore no chão, e tiveram uma ideia, fazer uma cobertura secreta na pequena abertura no tronco da árvore secular. Quando chegaram a casa dela, pegaram na mais parecida e deram-lhe a forma da abertura para que encaixasse e ninguém reparasse.
Guardaram algumas coisas lá dentro, só tinham que dar um jeitinho para rodar a casca e ela saía. A mensagem tinha que ser isso. Quando chegou ao pé da árvore e viu a velha casca, já de cor diferente, sorriu. Tantos momentos juntos, tantas gargalhadas, e beijos roubados, às escondidas dos pais, atrás daquele tronco…
Há anos que não abria aquilo... Rodou a casca e retirou-a devagar. Espreitou para dentro, olhar para aquelas coisas ali dentro era um reviver de momentos insubstituíveis… Como a mistura dum sorriso e duma lágrima, um arco-íris tão lindo que em pouco tempo voltaria a desaparecer…
Continuava tudo igual, tudo o que tinham lá posto… Mas… olhou melhor… menos uma coisa, havia uma coisa atrás de tudo, que não reconhecia... Enfiou o braço e retirou-a. Era uma noz, estava fechada com cordel, tinha um papel amarrado: “Se a vires, não abras! Espera. É uma promessa. Amo-te”. Estava confusa… E se ele não voltasse? Mas ele podia voltar… Guardou a noz novamente no fundo e pôs a casca na árvore. Sentou-se ali na erva, encostada ao tronco, e pensou: “Porquê mandá-la à árvore se não podia abrir a noz? E porquê uma noz? Será que tinha entendido a mensagem?...”
Pegou na carta e voltou a ler o fim: “P.S. - Cuida dessa árvore da caixa, da mesma forma como fazias com a nossa árvore, quando queríamos manter os nossos segredos seguros.”
E se ele não a estava a mandar ir à árvore, mas sim àquela árvore que esculpiu? Talvez houvesse alguma coisa escondida na caixa, alguma divisória…
Por dentro não havia espaço para divisões escondidas… Por fora era só mesmo a árvore esculpida, com um círculo que a contornava… não tinha reparado nele… Tentou levantar mas nada… Tentou rodar mas não se mexia. Inconformada foi à cozinha buscar duas facas e prendeu uma de cada lado nos ramos da árvore a ver se poderia rodar assim. Ao fazer força com as duas ao mesmo tempo, sentiu qualquer coisa, o círculo estava a mexer, ele mexia! Continuou com mais força ainda, até que ele começou a rodar e duas voltas depois saiu. O compartimento só tinha um ou dois milímetros de altura mas era o suficiente para guardar um pequeno papel.
O coração dela batia forte e acelerado como o som duma manada de cavalos selvagens a galopar nas montanhas, ouvia o próprio eco dos batimentos como se fossem ferraduras a bater em terra dura.
Abriu o papel. Lá dentro havia números… Mas que números eram aqueles… Não eram suficientes para um telefone… Tinha um número e uma vírgula, por baixo outro número, seria um endereço?? Nada fazia sentido, mas tudo parecia conspirar para que a esperança ressuscitasse. Ah… Mas ela tinha medo, tanto medo de ter esperança…
Saiu de casa a correr, de papel nas mãos, o corpo todo a tremer… Não podia ser ele, senão porque não teria ido lá ele, bater-lhe à porta?
Chamou um táxi e repetiu os números do papel, assumindo que o primeiro seria o da rua e o segundo a porta. Vinte minutos depois o táxi parou. Ela pagou e saiu. Ficou parada a olhar para a porta. Seria aquilo? Seria realmente uma morada? Não parecia a porta duma casa. Não via telhados nem tectos, apenas uma parede cheia de folhas a rodear uma porta verde. Aproximou-se devagar… Sentia uma mistura de tudo… ansiedade, medo, desespero, mas principalmente, confusão.
Bateu à porta. Mas o que ia dizer? Do lado de lá ouviu passos, de quem seriam? A porta abriu, ela não reconheceu o rosto do homem, já ia mostrar o papel com os números quando percebeu que ele a conhecia, quando ele lhe sorriu genuinamente e a convidou a entrar.
Era um jardim, ao fundo uma pequena casa recuada. Convidou-a a sentar-se numa mesa no jardim e começou a falar.
- Pareces confusa, deves estar cheia de perguntas neste momento. Conheci-te da foto dum amigo. O teu namorado. Eu consegui fugir. Foi terrível e longo até conseguir voltar cá mas consegui, e prometi-lhe que te entregaria a caixa. Ele receava que pudesses ter casado ou mudado de casa, pediu-me que entregasse a caixa que te fez aos pais dele e uma carta para eles, que fizessem tudo para terem a certeza que a caixa chegaria às tuas mãos. Pelos vistos conseguiram, muito mais rápido do que imaginei. Eu não soube mais dele, mas estou a cumprir uma promessa que lhe fiz, procurar-te e contar-te tudo. Enquanto prisioneiros não tivemos forma de avisar o nosso País que estávamos vivos. Alguns anos depois, não podia mais viver assim, não tinha nada a perder, a não ser ganhar a minha liberdade, mas podia salvar os meus amigos, então arrisquei, aventurei-me, planeei meses e consegui fugir, viajei e andei escondido meses, sem dinheiro, sem nada, foram meses horríveis mas consegui voltar a casa e consegui avisar o Governo. Já se passaram quase dois anos desde que fugi e consegui regressar, não sei quem poderá ainda estar vivo, mas o nosso Governo já está em negociações com eles, numa troca de prisioneiros. Vão ser libertados em breve, todos os sobreviventes, mas deves manter isto entre nós, não é suposto eu contar a ninguém… diplomacias...
- Obrigada. Espero que ele volte… Esta carta tem dois anos… Obrigada… Se souberes mais alguma coisa liga-me para este número por favor. – e escreveu o número dela num pedaço do papel com a morada e deu-lhe.
- Prometo que sim. Ele salvou-me uma vez de levar um tiro… É um irmão para mim agora. Ele só não fugiu comigo por medo de ser morto, porque voltar para ti era o que ele mais queria. Nem no campo de batalha largava a vossa foto, eras o amuleto dele. Só nos resta esperar.
- Obrigada…
Ela agradeceu e despediu-se. Mal passou a porta verde, as lágrimas correram-lhe pelos olhos. Não conseguia chamar um táxi, decidiu correr o mais que podia, até não poder mais… Quando chegou a casa, talvez uma hora depois de ter ouvido toda aquela informação. Abraçou o Pipo e deitou-se ao lado dele no sofá.
Será que ele estava vivo? Quanto mais tempo teria que esperar? E que promessa seria aquela dentro duma noz?...
Estava perdida nos pensamentos, acabou por adormecer ali mesmo agarrada ao cão enquanto anoitecia… O telefone começou a tocar... Sobressaltada, olhou para o relógio, era quase meia-noite... Levantou-se a correr. Quem seria àquela hora?
S. R.