Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

29 de junho de 2019

Sob um manto de balões iluminados



O Porto não seria o Porto sem a festa de S.João. Para mim, esta é uma expedição inimitável, não há outra igual, e tudo por causa das pessoas e da cidade, que à noite ainda é mais linda.

Começa antes do pôr-do-sol e acaba só depois do sol nascer. A noite inunda~se de sorrisos, música, bandeirinhas, alhos porros, manjericos, quadras, gargalhadas, palmas, onomatopeias de alegria, festejo, brincadeira, e como pano de fundo, o som dos martelos, imparável. No céu, um manto de balões iluminados, uns a subir, ainda perto, outros já longe, a voar com o vento, como uma noite mágica da Disney.

Há muitos anos que eu não ia para a baixa festejar esta noite. Lembro-me que quando percorria as ruas do Porto nesta noite, há mais de oito anos atrás, descia e subia as ruas com os passeios cheios de gente, agora, os passeios não tinham limites, todas as estradas estavam cheias, sem trânsito, sem carros, milhares de pessoas lado a lado de martelo na mão.

É absolutamente fantástico partilhar as ruas do Porto com milhares de desconhecidos, de que nem os nomes sabemos, ou se algum dia nos voltaremos a ver-nos, mas serão, durante uma noite inteira, os nossos companheiros de diversão, os nossos conhecidos de S.João.

Embora a qualidade das fotos não seja boa, porque só levei o telemóvel, dá para mostrar alguns pequenos pedaços da noite ;)





















Sandra Reis

17 de junho de 2019

Um Amor Proibido



"Porque cada poema tem uma história para contar, só temos que a querer ouvir." S.R.


Hoje vou-te dizer um segredo...

Desculpa ter-te mentido
Mas se o dissesse antes ter-te-ia perdido...
 
Não te amo como te disse
Não te amo sem amor
Não te amo sem paixão
Não te amo sem desejo
Não te amo como amigo
Não te amo como irmão
Não te amo como homem
Não encontro explicação

Não te amo como no dicionário
Não encontro uma definição
Não há palavras
Reinventa a imaginação
Não te amo só com o coração
Amo-te com o espírito e a alma
És a minha força e a minha calma
És o meu ar, a minha compleição

És o meu mar e o meu Céu
Completas cada pedaço meu
Agarras a minha mão
Para me salvar
Quando o teu mundo
Está a desmoronar...
Pões-me num pedestal
Mesmo se não devia estar

Dás-me asas para voar
Se estou acorrentada
E mesmo em lágrimas afogada
Sinto o meu coração crepitar
Numa fogueira enfeitiçada
Fazes o meu corpo atear
E o meu sorriso cintilar
Tal centelha encantada
Ouves-me tão longe,
Mesmo se não digo nada

Foram milhares de noites
De olhos no Céu
E sonhos na Lua
À espera do momento
Para voltares a ser meu
E eu poder ser tua

...

E esse momento que parecia chegar
Foi como uma nuvem
Impossível de agarrar... 

Estamos juntos,
Dás-me a mão, apertada,
E um beijo que extingue o Mundo
Mas não me podes dar mais nada...

Um passado que não podemos emendar
Demasiado distante para salvar
Não nesta época...
Não neste tempo....
E a cada abraço só resta acreditar,
Continuar a esperar...
De mão dada,
A inspirar o mesmo ar
De um amor proibido
Pelo tempo...
Pela vida...
Com raízes, sem semente
Tão forte, tão puro, tão crente
E mesmo que seja impossível
Reluzirá eternamente

...

E enquanto esperamos
Por outro tempo
Por outra vida
Trocamos mais um sorriso, um olhar,
Pousamos uma mão na outra
Damos mais um abraço
Para conseguirmos respirar...


Sandra Reis




14 de junho de 2019

The Show must Go On!



"Em cada milímetro da Terra e do Espaço, nas pedras, na areia, nos vulcões,
num buraco negro ou no chão mais estéril... encontraremos vida!"
Sandra Reis

Quando sentimos que chegamos a uma rua sem saída, uma encruzilhada, um impasse, e não sabemos o que fazer, e nos sentimos presos, e a altitude é demasiado elevada para saltar, quando o medo absorve todo o nosso espírito e à nossa volta não vemos desvios, tudo parece coberto por vedações, muros, arbustos, todas as portas parecem fechadas... Mas a vida tem que continuar! Temos que dar o passo em frente, temos que saltar, subir a vedação, trepar o muro, atravessar os arbustos mesmo que possa assustar, rodar todas as maçanetas sem hesitar. Quando tudo parece perdido ou sem saída... temos que voltar a acreditar, voltar a sorrir, porque a vida vai, e TEM, que continuar!


"The show must go on
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on"

Compositores:
Roger Taylor, John Deacon,
Brian May, Freddie Mercury


Freddy Mercury, um artista magnífico, sensível, incomparável, insubstituível! A paixão, a voz, a criatividade, a inteligência, a vida, fizeram dele um ser ÚNICO!
Os Queen fizeram parte da minha infância, da minha adolescência, estão na minha vida desde o dia em que nasci. Fazem parte da minha história e fizeram-me apaixonar, incondicionalmente, pelo Rock.
O Freddy não morrerá nunca, a vida dele transborda nas nossas, todos os dias, a força dele não se extingue, é intemporal. Que seja sempre recordado pelo enorme valor que tinha como ser humano, pela paixão com que vivia a música, pelo que nos ensinou a todos, e pela força que exalava magistralmente, como ninguém!



 

11 de junho de 2019

Finalmente... Completos





Neste longo caminho tantas vezes pensei que tinha encontrado o amor… Tantas vezes o pensei ter perdido… Mas hoje, enquanto caminhava, ouvi uma voz ao longe que não me era estranha, uma voz que me fez estremecer, um som que trouxe milhares de recordações e imagens que pensava esquecidas e apagadas. E, logo ali, numa curva do meu caminho com o teu, num momento inesperado, cruzámo-nos pela primeira vez em vinte anos. Ao olhar-te nos olhos vi algo inexplicável, vi uma história dentro deles, ainda por escrever, e eu estava lá. Estavas parado sem te mexer a olhar-me nos olhos, senti-te tão vulnerável que me senti como um fogo a derreter um lago gelado há centenas de anos. Naquele instante eterno, em que os nossos olhos se encontraram foi quando percebi a verdade. Neste longo caminho cheio de desvios, separações e reencontros, nunca cheguei a perder o amor, porque, afinal, nunca cheguei a encontrar o amor, até te ter reencontrado.

Desde que nascemos as nossas vidas cruzaram-se, e, apesar de termos estado sempre tão perto todos os dias, de nunca termos ficado um único dia realmente longe um do outro, e de todos os que tu conhecias serem os mesmos que eu conhecia, de todos os sítios onde ias serem os mesmos onde eu ia, de todos os nossos caminhos terem sido os mesmos caminhos, de apanharmos as mesmas gotas de chuva no cabelo, de nos deitarmos na mesma areia e nos molharmos na mesma água do mar, de subirmos e descermos os mesmos degraus velhos de pedra, apesar de até os nossos sonhos serem os mesmos, nunca nos olhámos verdadeiramente, nunca falámos um com o outro.

Num dia, o destino decidiu separar os nossos caminhos, e durante duas décadas não nos voltamos a cruzar. Contudo aqueles que conheces continuam a ser os mesmos que eu conheço e os sítios onde vou continuam a ser os mesmos onde vais, mas os caminhos que seguimos passaram a ser diferentes, e cada vez que o tempo abranda para um, acelera para o outro.  E assim se passam, duas décadas sem nos voltarmos a ver, e um dia, os nossos caminhos cruzam-se novamente, duma forma explosiva, como se existisse um propósito maior. Sem sabermos ainda, começamos a perceber que, por alguma razão, estava destinado, sempre esteve... e sentimos isso porque faz sentido quando estamos juntos, porque somos perfeitos juntos.

Finalmente percebemos que todo o passado foi um caminho que fomos construindo para chegarmos um ao outro, como se existisse uma parede invisível estes anos todos que nos permitia estar próximos, mas inalcançáveis.

Um amor verdadeiro, em que não esperamos nada um do outro, em que nos apaixonamos de olhos vendados, sem influência física, um amor que todos procuram. Como se cada um de nós tivesse sido um pedaço desconhecido do outro num passado distante, e agora que os nossos pedaços desconhecidos se encontraram, nós ficamos, finalmente... Completos.


in "Duas Décadas à tua Espera" (excerto II), Sandra Reis