Este blogue é um ponto de encontro com amigos desconhecidos que se reconhecem nas palavras e nos gestos, aqueles por vezes tão comuns que deixamos de reparar, até alguém nos voltar a falar deles, como se fosse a primeira vez.

Música

28 de dezembro de 2018

Coragem


Foto tirada por mim (Espinho)



Coragem


Coragem, dá-me asas,
Vento para voar
Força para me libertar
Cores para pintar
Cordas para tocar
Pautas para criar
Sonhos para realizar
Tempo para me encontrar

Coragem, deixa-me velejar
Arranca a âncora do meu barco
Que amarra e faz travar
Não a quero, não preciso dela,
Quero navegar,
Descobrir, conquistar,
Quero ser livre como o vento
Quero ser eu, existir, poder amar

Tantas vezes não existi
Por tudo, por todos,
Deixei-me anular
Fiquei vazia,
Sem alma, sem chão, sem ar
Perdi-me antes de me reencontrar

Por isso, Coragem,
Não serei mais uma luz
Que poderão acender ou apagar
Contra trovões e marés
Erguida, eu vou remar

E mesmo que o meu coração arda
Este fogo que nenhum mar
Pode algum dia apagar
Mesmo que o meu coração
Tenha sido sempre só teu,
Desde o primeiro beijo
Doce, apaixonado, sem hesitação

Mesmo amando-te tanto
Não me vou mais anular
Sem ti também não sou eu
No teu olhar vejo a minha paz
No teu sorriso a minha luz
Na tua boca o  brilho da lua
Não vou mais ficar perdida
A cada partida tua

Tu és a minha Coragem,
Não vou mais esperar
Vou partir deste cais seguro
Para te reconquistar
E todos os dias,
Todas as noites,
Provar os teus beijos,
Receber mais um abraço teu
Mais profundo que o mar
Mais infinito que o Céu…


Sandra Reis

22 de dezembro de 2018

Resgatar todas as Histórias de Amor

Depois de receber o amável convite da Teresa do Blogue Ontem é Só Memória para escrever para a sua Rubrica Guest Post, o que fiz com muito orgulho e agradecida pelo carinho de se ter lembrado de mim, decidi falar sobre o amor, o amor dos poetas, o amor das histórias, o amor imortal que sobrevive aos livros. Com este texto quero prestar homenagem aos poetas de todos os tempos, aclamar a poesia, a arte, a escrita, os autores e as musas que os inspiraram a escrever as belas histórias de amor que fizeram sonhar milhões, pela forma como um dia mostraram o amor através das palavras. Embora só mencione alguns, que me marcaram muito ao longo da minha vida, louvo todos, os de antes e os de agora, porque todos os poetas nos fazem sonhar, inspirar, apaixonar e viver através das palavras deles.

Foto tirada por mim (Escócia)











RESGATAR TODAS AS HISTÓRIAS DE AMOR


Sempre acreditei no amor eterno, no amor que transcende tudo e todos, no amor para além do tempo, no amor verdadeiro. Gostava de o poder acordar no coração de todos porque sinto que se perdeu algures no tempo.

Já não se ama com sofreguidão, com desespero, com dedicação, com a intensidade dos romances, dos poemas e das histórias de antigamente.

Amar com a paixão de Camões, amar com o desassossego de Pessoa e às vezes amar com a tristeza de Pessanha, sermos feliz como somos, é assim que a vida tem o seu valor, em lutarmos pelo mais nobre amor, mesmo que tenha que ser a nado, em sentirmos tudo de todas as maneiras, em aguentarmos quando os passos são mais pesados que as pedras da calçada, em sermos nós próprios, mesmo quando nos sentimos mil pessoas numa só, em sermos capazes de ver até os mais pequenos pormenores, até aqueles que se tornam vulgares no dia-a-dia, em sermos capazes de criar histórias de amor de que nunca ouvimos falar, em sermos capazes de sonhar com Príncipes Encantados mesmo sabendo que não existe nenhum, em voarmos para qualquer lado sem sequer termos asas para voar.
Já não se ama como antigamente, com a dedicação devota, com a cegueira, com cartas de amor, com sonatas e poemas, com a força de um vulcão.

Já não há amores de perdição como o de Simão Botelho por Teresa, não há amores platónicos como o de Camões por Leonor. Já ninguém ama perdidamente como nos sonetos de Florbela Espanca, com as cores e os aromas de Pascoaes, com o romantismo sofrido de Bocage, e é por isso que escrevemos poemas, porque procuramos esse amor que não tem limites no tempo nem no espaço, e a cada verso que o escrevemos, a nossa alma quase que o alcança, quase que o sente por alguns segundos.
Quem me dera poder resgatar todas essas histórias de amor, protegê-las dentro de um frasco de cristal, guardá-las com pétalas santas, da Rainha Santa Isabel, e transformá-las em amores que jamais murchariam com aroma a rosas vermelhas, eternamente belas.
 
Todas as histórias de amor que a terra viu, dentro do frasco de cristal, seguras, imortalizadas como o amor de Pedro por Inês, beijadas na mão com uma vénia de respeito. E deixá-las libertar a sua fragrância, permitindo que vivam eternamente onde as podemos ver e sentir, ouvir, tão intensamente, como o amor de Romeu e Julieta.

Resgatar todas as histórias de amor e dar-lhes um final feliz, mesmo que tenham vivido de sonhos, de desejos, de tristeza e solidão, como uma Gata Borralheira, mas saberem que um dia vão finalmente encontrar um Príncipe ou uma Cinderela Verdadeiramente (quase) Encantados, que irão lutar por vocês, tal como Bartolomeu Dias contra o Adamastor, e tornarão qualquer cabo das Tormentas em Esperança, e vos irão amar para sempre, aconteça o que acontecer.


Sandra Reis

18 de dezembro de 2018

Bolo de Super Chocolate! :)


Para Gulosos :)




Ingredientes:

2 ovos inteiros + 3 gemas
1 c.s. de manteiga
250 gr açúcar
¼ leite + 2 colheres de sopa cheias de Maizena
4 colheres de sopa de farinha
125 gr de cacau em pó
50 gr de chocolate de culinária aos bocadinhos (2 barras dum Pantagruel de 200 gr)


Bater os ovos, as gemas, adicionar a manteiga, o açucar e bater tudo novamente.
Dissolver a maizena no leite e juntar ao anterior. Adicionar a farinha e bater, por fim, o cacau e voltar a bater.
Cobrir a forma com papel vegetal.
Despejar o preparado na forma. Cortar o chocolate em pedacinhos pequenos e espalhar delicadamente no preparado.
(Usar uma forma grande para um bolo mais cru e baixo ou uma forma mais pequena e alta para um bolo mais cozido e alto)

Forno:
½ altura
120oC com calor só por baixo - 40 min
130 oC com calor por cima e por baixo - 15 min

Decorar com cacau em pó ou o que quiser! ;)

16 de dezembro de 2018

Abraça-me depois de Partires



Vi-te ao longe, olhavas e sorrias para mim, o mesmo brilho nos olhos, o mesmo sorriso honesto de há vinte e um anos atrás.

Fui ao teu encontro a correr, no anseio de mais um abraço, na esperança que não te fosses mais… Agarrei-te com toda a minha força, sabia que assim não poderias partir, apertaste-me com força e carinho, o teu queixo na minha cabeça, senti-me protegida, senti tanta paz… Que saudades que eu tinha do teu cheiro, não queria mais sair de dentro do teu abraço, não podia mais largar-te…

Fizeste-me tanta falta, fiz tantos trilhos de vida sem ti, virei tantas páginas, nunca encontrei ninguém como tu. Fazias-me sorrir quando o meu mundo desabava, fazias-me sorrir todos os dias, defendias-me, protegias-me, alumiavas o meu caminho…

Nunca mais voltei a ver um jogo de hóquei sem ti, a última vez que nos sentamos juntos nas bancadas, escreveste no meu caderno: “Gosto de ti x 10000000000000000000000000”… O peluche que me deste com a mensagem “Não mudes nunca” ainda está comigo, velho, descolorido mas intacto como os meus sentimentos… Gostavas de mim na minha perfeição e imperfeição...

Todos te seguiam, movias o Mundo, agarrei-te ainda com mais força não te podia deixar partir de novo, tanta coisa para te contar, para te mostrar, para te partilhar, tanta gratidão e tanto amor guardado para te dar.

Era tão bom estar assim, outra vez no teu abraço… Apertavas-me com força, sentia-me de novo protegida, feliz. Olhei-te nos olhos novamente, o brilho deles enchia-me o coração de calor, mais do que qualquer sol quente de verão. Éramos tão novos quando partiste, tão inocentes, a tua inocência mantinha-se inteira, a minha, a vida tinha-a partida aos pedaços e maior parte deles perderam-se entre as dores e as pedras do caminho… Quando partiste éramos já crescidos, mas só em altura, por dentro éramos crianças, e, para mim, eras o Mundo inteiro…

Fechei os olhos, abracei-te com toda a minha força, para não poderes partir, não queria voltar a perder-te, não queria sentir mais aquele choque repentino no peito quando acordava de manhã ansiosa por te ver e, de repente, recordava a áspera verdade, que já não estavas cá, que te tinha perdido para sempre, mas o destino é a única coisa que ninguém nos tira, e quando abri os olhos, eu estava sozinha outra vez.

Nos meus braços estava o vazio que deixavas, e, foi nesse instante, que acordei e percebi que era um sonho, ou talvez não fosse um sonho, talvez me tenhas vindo ver mais uma vez, tudo o que sei é que te foste, se estás no céu, será um céu especial, onde estão os puros e os animais que tanto adoramos, e isso conforta-me um pouco.

Mas as saudades vivem e viverão em mim, para sempre. Eras o meu melhor amigo, como um irmão verdadeiro. Jamais te esquecerei, jamais poderia esquecer-te. Tu mudaste a minha vida, imprimiste em mim o teu coração, a tua sensibilidade e empatia, fizeste-me amar ainda mais todos os seres vivos, fizeste-me ter forças para lutar, fizeste-me acreditar que há mais do que aquilo que podemos ver ou alcançar, há mais para além de tudo aquilo em que acreditamos, há sempre mais, quando a estrada parece que acabou devemos continuar o caminho porque haverá mais para descobrir e aprender, mais para viver, mais para sonhar e lutar, mais para sorrir.

Trouxeste contigo a coragem, no teu sorriso, no brilho dos teus olhos, trouxeste-me a esperança em cada abraço que me vieste dar depois de teres partido para sempre…


S.R.

Para o meu melhor amigo:
Nuno Filipe Miranda dos Santos
(15.12.1975 - 20.01.1997)

14 de dezembro de 2018

#5 Um Palácio em Cristal


O Palácio de Cristal, foi e continua a ser, o meu lugar preferido no Porto. É verdade que já não se chama assim, mas para mim será sempre assim.

"O palácio foi destruído em 1951, tendo-se erguido no seu lugar uma nave de betão armado, a que foi dado o nome de Pavilhão dos Desportos. O edifício foi demolido em menos de um ano, sendo destruído à martelada o órgão de tubos. Devido à contestação popular à demolição, a designação Palácio de Cristal tem sobrevivido até aos nossos dias"

Ficheiro:Palácio de Cristal - Henrique Pousão (1859-1884).png 


Foi no Pavilhão novo (Pavilhão Rosa Mota), agora em reabilitação, que vi o meu primeiro concerto em 1994, algumas bandas, incluindo "Resistência", o Pavilhão estava completamente cheio, não havia uma cadeira vazia, todos a cantarem a música "Amanhã é sempre longe demais" juntos com fitas no ar, foi um momento inesquecível, marcou-me, não andava com telemóvel nem câmara sequer naquele tempo, não tenho qualquer registo a não ser a memória.
Foi também ali que fui à minha Primeira Feira do Livro, eu adoro estar rodeada de livros, fui a primeira vez que assim estive e depois fui sempre a todas nos anos seguintes.
Mas a parte que adoro mais são os jardins, o lago, as árvores, poder-me sentar na relva a ler um livro, à sombra duma árvore, com a vista do rio Douro, do mar, do horizonte e atrás de mim ouvir os patos a nadar no lago, o som da água enquanto chapinam, os pavões, o burburinho da brisa nas folhas, na Primavera e no Verão. E no Outono... no Outono, as cores são de arrebatar, o verde da relva, repleto de folhas castanhas, as árvores com tons vermelhos, não há nada mais bonito que um dia de Sol no Outono para contemplar todas estas cores da natureza em todo o seu esplendor nos Jardins do Palácio de Cristal.

E foi assim, e, por isso, que num belo dia de Sol há poucos dias atrás, decidi ir até lá caminhar e tirar umas fotos.